Dias da Cunha, Paulo Andrade e José Peseiro fizeram muito bem em sair do Sporting.
Os sócios já não os suportavam, os resultados não apareciam e ao contrário do que fizeram crer, no meio disto tudo jornalistas e comentadores foram os mais benévolos.
Saindo assim, Dias da Cunha mantém intacta a imagem do presidente que ajudou a salvar o Spoting, o que me parece justo, tanto quanto é possível ter uma ideia destas a quem está de fora.
Paulo Andrade será esquecido rapidamente e também não se pode dizer que isso seja propriamente mau para ele.
O caso de José Peseiro é mais complexo, até porque dos três é o unico que vai continuar a ser profissional de futebol.
Peseiro tem agora duas possibilidades: fica em casa a curtir mágoas, fazer listas de inimigos e remoer rancores ou decide fazer uma reflexão séria e seguir em frente. Com a distânca de nunca ter tido qualquer relação com o ex-treinador do Sporting, espero que opte pelo segundo caminho. Até porque o primeiro termina num beco escuro e sem saída.
Sinceramente, acho que depois da experiência em Alvalade, José Peseiro passou a ser mais um treinador português de alto nível.
Demonstrou que sabe montar uma equipa de qualidade e isso é mérito de que poucos podem gabar-se. Dito isto, é relativamente longo o rol de aspectos a melhorar. Aí ficam alguns:
1. Aprender a comunicar com o exterior;
2. Saber ter outro comportamento no banco;
3. Não esquecer que a disciplina é o valor fundamental de um grupo e deve ser mantida a qualquer custo, doa a quem doer;
4. Não esquecer que no futebol nunca se ganha sozinho e para um treinador é essencial ter uma estrutura forte na retaguarda e no campo.
5. Não esquecer que as vitórias por KO são cada dia mais raras e que por isso ter princípios defensivos sólidos é mais de meio caminho andado para triunfar.
Creio que José Peseiro soube sair e isso foi bom. Ao contrário do que muita gente acha, não são apenas os resultados que permanecem no futebol. Por mim vou lembrar-me por mais uns anos da boa qualidade do futebol do Sporting na época passada. Apesar de os títulos terem fugido no último suspiro.
Em suma, José Peseiro não estava preparado para o papel de super-treinador que ele próprio sonhou ter em 2005/06. Fez más opções e pagou por elas. Teve também o azar de estar no meio de um período pré-eleitoral que ameaça a tranquilidade do Sporting nos próximos mses. Que tenha aprendido alguma coisa é o que se deseja. E boa sorte, porque desafios haverá muitos.