Em janeiro, terminado o contrato com o Groningen, Suk Hyun-Jun virou-se para Portugal. Pelo meio ainda houve uma chamada de última hora do Real Madrid, mas ele só viria a saber dela mais tarde. Dois meses depois, sente que o Marítimo foi a escolha certa.

Teve vários convites em janeiro. Uns mais aliciantes, como o caso do Hoffenheim, da Liga Alemã; outros menos mediáticos e que faziam valer, acima de tudo, o poder monetário, vindos da Ucrânia, do Médio Oriente e do Japão.

A vontade de Suk era, no entanto, optar por uma solução que lhe permitisse jogar regularmente, a um nível médio/alto, para, dessa forma, manter a curva ascendente começada quatro anos antes. Foi, então, que surgiram dois convites de Portugal: um pouco apelativo, devido à má classificação da equipa interessada, e outro, o do Marítimo, que lhe encheu as medidas embora reconheça que não tinha, à data, grande conhecimento sobre o clube.

Aliás, uma das primeiras vezes que ouviu falar no nome de Portugal recua a 2002, altura em que estava prestes a comemorar 12 anos e viu a sua seleção vencer a equipa das quinas no Campeonato do Mundo. «O golo foi do Park Ji-Sung já na segunda parte. Havia bons jogadores com o Park e o Ahn, mas, confesso que não entendi muito bem a grandeza do feito porque era ainda muito jovem», recorda o futebolista dos insulares, que colocou um sorriso quando citou o autor do golo que empurrou Portugal para fora da competição.

Voltando a janeiro de 2013. Já no aeroporto, quando estava prestes a embarcar para o Funchal, tocou, uma vez mais, o telefone. A chamada vinha diretamente de Valdebebas e propunha a equipa B do Real Madrid como nova casa para Suk.

Em conversa com o Maisfutebol, o representante do avançado, Sean Choi, reconhece que nem se atreveu a partilhar a informação com o jogador, porque «tinha a certeza que, a partir daí, Suk não mais quereria embarcar para a Madeira». Era uma jogada do destino a juntar os tons avermelhados do Ajax ao verde do Groningen no futuro clube do coreano.

«Aterrámos na Madeira depois da meia-noite e um responsável do clube levou-nos para o sítio onde ficámos hospedados. Quando saímos à rua ficámos assustados porque, ao contrário do que estávamos habituados na Holanda, não vimos vivalma. Cheguei mesmo a pensar: onde é que me vim meter? No outro dia, o sol nasceu e percebi que era um bom sítio para viver», lembra.

Passaram dois meses e Suk conquistou, quase em permanência, um lugar no onze, transformando-se numa espécie de herói da exigente massa associativa verde-rubra, que até já entoa em coro o nome do jogador.

«Estou muito contente no Marítimo. O presidente está sempre disponível, o treinador conta comigo e os meus colegas receberam-me bem. Aqui posso jogar numa equipa que quer ganhar e dá-me motivação ouvir os adeptos gritarem no estádio Suk, Suk, Suk», frisa o goleador.

Por tudo isto, o avançado coreano adquiriu, em pouco tempo, um estatuto que ainda não tivera na sua curta carreira, o que lhe permite olhar para a seleção com o optimismo de quem está pronto para ser a referência ofensiva do seu país.

«Acredito que, se continuar a evoluir a um nível alto, posso ser importante para a minha seleção. Cada vez há mais jogadores coreanos em bons clubes europeus, o que torna a seleção mais forte», analisou Suk que se estreou pela principal equipa da Coreia, em 2010, frente ao Irão.

Em sete jogos pelos insulares, cinco a titular, já triturou leões e dragões com a mesma facilidade com que devora picanha, a sua comida favorita, ou ouve Gangnam style, som obrigatório nos seus gadgets.

«Não estranhei o estilo de vida porque sou um jovem muito pacato. Quando não estou a jogar aproveito para dormir, aprender inglês ou a rezar. Sou muito católico porque já assisti a vários milagres na minha vida. Alimentação? Desde que haja picanha e arroz...»