* Por Francisco Sousa

Começa nesta quarta-feira o Campeonato Sul-Americano sub-20, prova que revelou alguns dos melhores jogadores da atualidade. O Maisfutebol oferece-lhe uma antevisão geral da prova e indica cinco promessas a seguir

Iniciado em 1954, o Campeonato Sul-Americano de sub-20 conhece a partir desta quarta-feira mais um capítulo de uma longa história, na qual se foram revelando, pelos tempos fora, alguns dos melhores jogadores de sempre. Craques como Enzo Francescoli, Romário, Galletti, Adriano, Falcao, Messi, Cavani, Neymar ou James despontaram nesta prova e, mais recentemente, passaram por lá outros jovens talentos da atualidade como Quintero, Iturbe, Vietto ou Felipe Anderson.

Este ano, o campeonato (que se realiza nos anos ímpares) decorre no Uruguai, até ao próximo dia 7 de fevereiro. Como é habitual, as dez seleções sul-americanas estarão divididas em dois grupos, o A, que irá disputar-se na cidade de Colonia e o B, que será jogado em Maldonado. A fase final, que irá incluir os três primeiros classificados de cada grupo e será disputada também em modo liguilha, vai ser jogada na capital Montevideu.

Os quatro primeiros classificados deste torneio garantem lugares no Mundial da categoria, que se inicia em maio, na Nova Zelândia, e os dois melhores garantem também o acesso aos Jogos Olímpicos do Brasil em 2016.

No grupo A, teremos as seleções da Argentina, do Paraguai, do Equador, da Bolívia e do Peru. À partida, os argentinos parecem claros favoritos, mas o nível recente das seleções jovens paraguaias e equatorianas, bem como o talento peruano, podem colocar em causa esse aparente favoritismo.

Na seleção das pampas espera-se uma melhor prestação face ao que aconteceu em 2013, precisamente numa prova organizada em solo argentino. A seleção deste ano apresenta como principal figura Ángel Correa, ex-San Lorenzo e atualmente no Atlético de Madrid, avançado que foi recentemente alvo de uma delicada cirurgia ao coração. Potente, rápido e talentoso, estará bem acompanhado pelo quarteto-maravilha do River Plate, constituído pelo interessante lateral Emanuel Mammana, pelo criativo Tomás Martínez e pelos avançados Sebastián Driussi e Giovanni Simeone (filho de Diego Simeone).



Numa linha seguinte, podemos incluir o Paraguai, o Equador e o Peru, não esquecendo que a Bolívia tem tido uma evolução interessante nos últimos tempos. A seleção paraguaia chega a esta prova com um plantel de atributos fortes, com destaque para a dupla de atacantes constituída pelo possante Tonny Sanabria (AS Roma) e pelo prodigioso Sergio Díaz (Cerro Porteño). O Equador é a única equipa que possui no seu plantel um jogador a atuar em Portugal (Jonathan Betancourt, emprestado pelo FC Porto ao Gondomar) e apresenta como maior estrela o avançado José Francisco Cevallos, filho do histórico guarda-redes com o mesmo nome - atua no Liga de Quito, depois de uma experiência curta nas camadas jovens da Juventus.

Quanto ao Peru, é uma seleção que costuma possuir alguns dos jogadores sul-americanos mais talentosos nesta idade, embora nem sempre consigam escalar até ao patamar seguinte. Na seleção atual, orientada por Victor Rivera, há que destacar dois homens que já atuam em formações espanholas: o defesa Francisco Duclós, do Celta de Vigo e o criterioso médio Sergio Peña, que atua na equipa B do Granada e, antes de chegar à Europa, já se havia mostrado na liga peruana, ao serviço do Alianza Lima.

Já a Bolívia chega a esta prova com um conjunto bastante homogéneo, constituído apenas por jogadores do campeonato local. O melhor jogador desta equipa, o médio Sebastián Gamarra (AC Milan), conhecido como o «Pirlo boliviano», lesionou-se no estágio de preparação para este Campeonato Sul-Americano e é ausência notada na lista de 23.

O eterno favorito Brasil, a equipa da casa e a campeã no mesmo grupo

O Grupo B é, talvez, o grupo mais interessante deste Campeonato Sul-Americano de sub-20. O principal favorito é o eterno candidato Brasil, que já venceu esta prova por 11 vezes. Alexandre Gallo orienta uma formação que, apesar da ausência dos «portugueses» Danilo (Sp. Braga) ou Otávio (FC Porto), possui imensos jogadores de enorme potencial, desde a defesa até ao ataque.



Atenção aos criativos Nathan (Atlético Parananense), Boschilia (São Paulo) e Lucas Evangelista (Udinese), ao interessante lateral-direito Auro (São Paulo), à dupla de médios do Grémio, Wallace e Matheus Biteco ou aos velozes e perigosos avançados Gabriel (Santos), Carlos (Atlético Mineiro) ou Malcom, benjamim do Corinthians de São Paulo.

Nas restantes seleções do grupo, destaque para o anfitrião Uruguai e para a atual campeã em título, Colômbia. Nos donos da casa, há alguns jogadores que ainda há ano e meio brilharam no Mundial Sub-17 (Franco Pizzichillo ou Franco Acosta) e outros que procuram a afirmação neste torneio (Gastón Pereiro, Rodrigo Amaral ou Jaime Báez). Na seleção cafetera, a estrela maior é o médio-ofensivo/extremo Alexis Zapata, da Udinese, formado no Envigado, clube onde também despontaram dois dos maiores ícones do futebol colombiano na atualidade - James Rodríguez e Quintero. Além de Zapata, devem ser destacados os médios Joao Rodríguez (Bastia) e Andrés Tello (Envigado). Mais uma geração talentosa nas mãos de um treinador experiente (Carlos Restrepo).

Depois, na mesma linha dos candidatos maiores a passar à segunda fase, surge uma seleção chilena que, apesar de tudo, nunca venceu este troféu. O Chile apresenta uma formação tecnicamente dotada, na qual sobressaem o médio Bryan Carvallo (Colo Colo), o central Sebastián Vegas (Audax Italiano) ou o lateral Luis Pavez (Colo Colo). Finalmente, aparece a seleção venezuelana, equipa robusta e competitiva mas sem grande historial nesta competição. A única vez que ficou no pódio, aliás, foi na primeira edição da prova, em 1954. A grande estrela da companhia é o avançado Andrés Ponce, de 18 anos, recentemente garantido pelos italianos da Sampdoria.

Como podemos ver, candidatos ao título não faltam, embora existam uns mais candidatos que outros. Talento também não irá faltar e como tal deixamos uma lista de cinco jogadores que poderão dar o salto para a Europa em breve, dependendo daquilo que forem capazes de mostrar em terras uruguaias, está claro:

Tomás Martínez (Argentina/River Plate): É um «enganche» da velha guarda argentina, tecnicamente virtuoso e com notável condução de bola. Aos 19 anos, ainda procura cimentar a sua posição no River mas nesta seleção de sub-20 já é um dos líderes. Joga e faz jogar os seus companheiros, através de uma visão de jogo e de uma qualidade de passe acima da média. Esquerdino, tem a ginga (e o pé!) de alguns dos melhores «10» argentinos de sempre. Falta só consolidar o estatuto…

Sergio Díaz (Paraguai/Cerro Porteño): Comparado no Paraguai com Kun Aguero (sua maior referência, aliás), começou a despontar na equipa principal do Cerro Porteño ainda com 15 anos (sim, leu bem!). Móvel, rápido, capaz de jogar a toda a largura e com uma finta curta de craque, está habilitado para criar desequilíbrios através da sua técnica e para aparecer em zona de finalização sempre com grande astúcia. Muito promissor, deve ser seguido com muita atenção neste Sul-Americano!

Nathan (Brasil/Atlético Paranaense): Sem o portista Otávio, será um dos responsáveis por fazer mover a máquina do meio-campo ofensivo da Canarinha. Predestinado, apresenta uma técnica soberba em vários momentos, utilizando muito bem o seu magistral pé direito para tirar adversários do caminho, passar e rematar. Está a crescer, falta-lhe ganhar tarimba mas este Campeonato Sul-Americano pode servir para dissipar qualquer tipo de dúvidas. O Benfica aparentemente anda de olho nele e, assim sendo, será certamente monitorizado pelos «scouts» encarnados nesta prova…

Sebastián Vegas (Chile/Audax Italiano): Central esquerdino de 18 anos, foi já falado como hipótese para reforçar o Barcelona. Rápido, seguro na saída de bola e forte em antecipação, mostra uma solidez muito interessante para um defesa tão jovem. Sem ser fisicamente portentoso, mostra qualidade nos desarmes e sabe como se posicionar na maior parte dos lances.

Franco Pizzichillo (Uruguai/Defensor Sporting): Foi uma das referências da seleção uruguaia no Mundial sub-17 de 2013 e já na altura também o era na equipa B do Defensor Sporting. Médio-centro bastante criterioso com a bola nos pés e com boa visão de jogo, sabe avançar no terreno em progressão e sabe aparecer na segunda linha ou na área vindo de trás. Defensivamente, afirma-se como um jogador cumpridor. Um dos que pode dar o salto para o futebol europeu depois deste torneio.