O presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, afirmou nesta quarta-feira, no 47.º congresso do organismo, em Lisboa, que «a Superliga transformou-se num lobo mascarado de avozinha».

O esloveno defendeu a proteção de ligas e campeonatos da classe média europeia.

«O futebol na Europa é a Islândia, um país com menos de 400 mil habitantes, nos quartos de final do Euro2016, a Dinamarca nas meias-finais do Euro2020, a Croácia duas vezes nas meias-finais dos Mundiais, o futebol é o Villarreal, de uma cidade com 50 mil pessoas, a vencer a Liga Europa, é o Sheriff vencer em casa o clube com mais Ligas dos Campeões (...). Isto é o futebol, isto é o futebol europeu», disse, citado pela Lusa.

O advogado esloveno aproveitou para criticar os defensores daquela prova europeia, que nunca passou à realidade, até ao momento.

«A Superliga transformou-se num lobo mascarado de avozinha, pronto para nos enganar, apesar de dizerem que querem salvar o mundo. Temos mentiras vergonhosas contra verdades, cartel versus meritocracia e a busca do lucro face à busca de troféus. Nunca devemos esquecer que o futebol pertence às pessoas, e desconstruir o mito de que a privatização do futebol é inevitável. As Ligas nacionais devem continuar ser a base do futebol europeu», considerou.

«O grande desafio de hoje é salvar a classe média» e não tanto criticar os ricos, até porque a Premier League é o campeonato mais rico e, curiosamente, tem um modelo de financiamento «igualitário de riqueza» que potencia todos os participantes. Ainda assim, recordou Ceferin, a riqueza inglesa não em sido sinónimo de sucesso absoluto.

«Nos últimos 20 anos, a Liga dos Campeões só foi vencida em cinco ocasiões por clubes ingleses. A Itália é o país com mais representantes nos quartos de final da Liga dos Campeões e da Liga Europa, e a Bélgica é a que tem mais na Liga Conferência Europa, não faz sentido dizer que os ingleses ganham tudo. Não devemos esquecer que a ganância não vê verdades», frisou.

«Durante as 48 horas da “crise da Superliga”, a solidariedade do futebol europeu foi notável e é isso que vai ficar para a história, tal como ocorreu no momento da invasão da Ucrânia e dos sismos na Turquia e na Síria, mas não podemos estar juntos só nos momentos de crise. Vamos vencer como equipa», concluiu.