À terceira foi de vez. Depois de perder com o FC Porto e o Sporting, a Naval conseguiu travar um «grande» na Figueira da Foz. O mérito é, obviamente, de toda a equipa, mas houve quem se tenha destacado, mormente no sector defensivo e, como acontece muitas vezes nestes casos, entre os postes, onde Taborda contribuiu de forma determinante para manter o marcador a zero.
O guarda-redes da Naval assume que a partida lhe correu de feição, apesar de admitir que até esperava mais trabalho. «Foi o meu melhor jogo da época, embora não tenha sido chamado a intervir tanto como aconteceu no encontro do ano passado», começa por analisar o dono das redes da turma da Figueira, que tem uma explicação para o facto de ter estado pouco em jogo na primeira parte: «Isso deve-se ao desempenho dos meus companheiros e à forma coesa como jogaram. Quando assim é, o tarefa do guarda-redes acaba por sair facilitada.»
Se a etapa inicial do encontro quase não deu para Taborda aquecer, já na segunda metade o guardião teve de mostrar todos os seus reflexos para evitar o golo dos «encarnados». «É claro que esperava um primeiro tempo mais atarefado e nem por isso deixei de estar concentrado, porque sabia que o Benfica podia acelerar a qualquer momento.» E acelerou mesmo. A prova de fogo chegou aos 62 minutos, num remate de Katsouranis, que lhe valeu a defesa da noite: «Não tenho dúvidas de que foi o remate mais complicado do encontro para mim. Quando a bola bateu na relva, pensei que o jogador do Benfica já não conseguiria captá-la. Enganei-me. O pontapé saiu forte e limitei-me a cumprir a minha função.»
O jogo ficou ainda marcado pela pretensa grande penalidade reclamada pelo Benfica devido a uma intervenção com o braço de Gilmar que Taborda, após visionar as imagens, contesta: «No campo, não deu para perceber, porque ele estava de costas para mim. Depois de ver na televisão, parece-me que o meu colega tentou rodar o corpo e a bola acaba por bater-lhe no peito. Não me parece que ele tenha tido qualquer intencionalidade de jogar a bola com o braço.»
Aprender com os erros

Tirar pontos a um «grande» é sempre motivo de satisfação para as equipas que lutam apenas pela manutenção. No caso da Naval, a proeza estava a tardar, uma vez que FC Porto e Sporting já haviam vencido na Figueira esta época e o embate ante o Benfica era a última oportunidade em casa dos comandados de Fernando Mira de bater o pé a um candidato ao título. «Não houve segredo nenhum. Apenas corrigimos os erros cometidos frente às outras equipas e estudámos muito bem o adversário. Sabíamos que quanto menos erros cometêssemos, maiores seriam as hipóteses de, pelo menos, não perder», revela o «keeper» navalista.
O empate, que proporcionou o único ponto conquistado na era Fernando Mira em três jogos, teve para todo o grupo um sabor, está bom de ver, a vitória e poderá constituir um tónico importante para uma equipa sem registo de triunfos nos últimos sete encontros. Pelo menos esse é o pensamento de Taborda: «Não perder frente a um grande é um resultado sempre motivador. Aumenta-nos a auto-estima e a confiança para os jogos futuros, a começar já pelo deste domingo, com o Leiria. »
A questão do técnico
Os jogadores da Naval não se têm revelado indiferentes em relação ao clima de indefinição em torno do comando técnico da equipa. Aprígio Santos ainda não decidiu se irá manter Fernando Mira à frente da equipa por mais uns tempos ou se irá contratar um novo treinador e o assunto tem, naturalmente, mexido com os atletas: «É claro que pensamos sempre um pouco nisso. Gostamos de estabilidade e, por isso, não deixamos de viver este problema com alguma ansiedade. O Fernando Mira tem todas as condições para continuar, mas cabe a quem de direito decidir. E penso que irá fazê-lo da melhor forma para a Naval.»