Esta até pode ser uma Alemanha mais frágil do que é costume. Uma Mannschaft cheia de defeitos, dores de crescimento e que nada tem a ver com aquela equipa que subiu aos píncaros do mundo no Brasil em 2014.

Mas, mais importante do que apontar as carências do conjunto de Joachim Löw, impõe-se um tributo a esta seleção chilena, equipa com alma gigante que chegou a subjugar a campeã do mundo a momento de puro sufoco no relvado da Arena de Kazan.

FILME E FICHA DE JOGO

O golo apontado por Alexis Sánchez aos 6 minutos representou a metáfora perfeita do que foi La Roja durante a primeira parte do encontro da 2.ª jornada do Grupo B das Confederações. Uma equipa pressionante, com os homens do ataque em sprints constantes à procura de conseguirem empurrar a primeira zona de construção da Mannschaft para dentro de um colete-de-forças.

Mustafi não teve sangue frio e acabou por entregar a bola a Alexis Sánchez, que tabelou com Vidal para ele próprio atirar depois para o 38.º golo com a camisola chilena, mais um do que o registo alcançado pelo mítico Marcelo Salas, o anterior recordista.

A Alemanha parecia surpreendida pelo vigor dos sul-americanos, que continuavam a tentar forçar o erro e estiveram até perto do segundo aos 20 minutos, num remate de Vargas devolvido pela barra.

Sem conseguir ligar os setores, restava à campeã do mundo esperar por um abrandamento do Chile ou um momento desconcentração defensiva, que acabou por acontecer já perto do final da primeira parte, quando Emre Can, sem oposição na zona do meio-campo, lançou Hector pela esquerda. O lateral adaptado a médio (Alemanha jogou com um sistema de três centrais e um meio-campo robusto) cruzou para a entrada de Lars Stindl, que fez o empate.

A Alemanha a ser… Alemanha. Venenosa, matreira e a aproveitar as lacunas defensivas existentes (e evidentes) mas bem mascaradas pela solidariedade fortemente presente no ADN chileno.

A toada dos primeiros 45 minutos não foi replicada na etapa complementar, justificação encontrada algures entre a quebra física dos homens de Juan Antonio Pizzi (é humanamente impossível manter aquela pedalada por tanto tempo) e as correções de Joachim Löw ao intervalo.

Com mais espaço para pensar o jogo e com o Chile mais recolhido, a Alemanha foi gerindo um jogo que perdeu interesse com o avançar do tempo.

Via-se no relvado uma Mannschaft cerebral, sem correr riscos (nem uma única substituição fez) que considerasse desnecessários, e um Chile voluntarioso, mas com os níveis de oxigénio insuficientes para causar danos.

Mas ficam na retina 45 minutos frenéticos de um Chile que se assume cada vez mais como uma das seleções mais interessantes desta era e uma proposta de jogo arrojada.

Não é de agora.

Agora com quatro pontos cada, alemães e chilenos ainda não selaram a passagem às meias-finais da Taça das Confederações, mas mantêm-se em posições privilegiadas.