Uma goleada (4-1) em crescendo, sobre um F.C. Porto assumidamente de gestão, permitiu ao Sporting tornar-se o primeiro finalista da Taça da Liga. A sexta final da era Paulo Bento, num jogo que os leões souberam levar a sério. A equipa de Jesualdo Ferreira, que preparou Alvalade com a cabeça no Dragão, assumiu de entrada que tinha pouco a perder. Mas mesmo assim perdeu-o: se a derrota era à partida um cenário admissível, já a goleada não poderá deixará de ter efeitos no moral para o próximo domingo com o Benfica. Resta saber em que sentido.
De entrada, as equipas assumiram os papéis mais previsíveis. Com seis habituais titulares e a jogar em casa, o Sporting tomava a iniciativa. Do outro lado, um F.C. Porto que mantinha apenas Mariano em relação ao último onze, esperava para ver, com um meio-campo compacto, tendo o estreante Madrid como referência central.
A convocatória de Jesualdo, o vai-não-vai do fim-de-semana e a rábula da viagem no próprio dia exprimiam uma mensagem sem equívocos: o dragão encarava a Taça da Liga como prioridade (muito) secundária da temporada e não iria empenhar mais energias do que as estritamente necessárias para tentar a passagem à final.
Daí a não aproveitar oportunidades para ganhar vai uma distância incompatível com qualquer equipa do F.C. Porto. Por isso, quando a defesa do Sporting parou para pensar na vida, Tomas Costa não perdeu tempo a isolar Tarik, num livre-relâmpago. O marroquino bateu Tiago com um remate cruzado e o jogo ganhava aos 9 minutos a pedra de toque para uma primeira parte bem movimentada.
As contas saíam melhor do que o previsto ao dragão, mas o Sporting demorou pouco a reagir. Postiga, Vukcevic, e principalmente Izmailov começaram a rondar a baliza de Nuno, enquanto do outro lado o F.C. Porto seguia o plano à risca, aproveitando a confiança reencontrada de Mariano e Tomas Costa nas saídas em contra-ataque para, a espaços, manter a defesa leonina em respeito.
Aos 19 minutos, Postiga usou o braço para aproveitar uma defesa incompleta da Nuno. Carlos Xistra viu e mostrou-lhe o amarelo. Mas o Sporting continuava a crescer e o jogo de contenção do F.C. Porto começava a tornar-se demasiado curto.
Quando Polga caiu na área, em duelo com Pedro Emanuel, e Carlos Xistra assinalou um penalty discutível, manda a lucidez dizer que o Sporting já tinha feito o suficiente para chegar ao empate. Romagnoli, o mais discreto do meio-campo, aproveitou a oportunidade para fazer as pazes com os adeptos e até ao intervalo o jogo ganhou sentido único, com Nuno a negar o golo a Moutinho e Tonel e com Vukcevic e Izmailov a passarem perto da glória.
Hara-kiri de Sapunaru
No recomeço, a expectativa passava por saber até que ponto o F.C. Porto ia conseguir reentrar no jogo em tempo útil. A resposta veio logo a seguir, com Sapunaru a cometer um hara-kiri em forma de penalty. Romagnoli voltou a enganar Nuno e este lance marcou uma viragem sem regresso na história do jogo.
Ao empolgamento do Sporting, sempre alimentado pela energia criativa de Izmailov e Vukcevic, respondia o F.C. Porto com uma cada vez maior incapacidade de chegar até Tiago. Às entradas felizes de Pereirinha e Derlei, que construíram de imediato o terceiro golo, com a bênção do inspirado Vukcevic, Jesualdo respondia com o assumir de impotência, dando minutos aos jovens Josué e Diogo Viana, e desligando de vez a máquina.
Sentindo o vento a favor, o Sporting continuou a jogar bem e bonito, aproveitando a oportunidade para conseguir um resultado ainda mais moralizador. Derlei, em noite inspirada, colocou o carimbo numa rara goleada sobre um rival transfigurado e o resto do jogo foi uma simples formalidade no cronómetro de Carlos Xistra.