Começa-se esta história pelo seu ponto final.



A união suíça em torno do triunfo na Taça Davis ficou selada com este ponto. Fechou-se a polémica que antecedeu esta final. Não houve desentendimento entre Roger Federer ou Stan Wawrinka que sobrevivesse a esta conquista. Não houve lesão que impedisse Federer de jogar ao seu melhor para consumar esta vitória.

Ao contrário do que se colocava em forma de eventualidade, acabou por ser a equipa francesa a terminar em decrescendo, sem força para colocar obstáculos ao favoritismo dos dois «top ten» suíços. Federer e Wawrinka juraram amizade para o arranque da final. Logo na estreia, Jo-Wilfried Tosnga queixou-se de que os mais de 20 mil franceses no pavilhão de Lille se faziam ouvir menos do que os 2.500 suíços nas bancadas.

Com o resultado empatado ao final do primeiro dia, os franceses ficaram ainda mais enfraquecidos com a lesão de Tsonga no cotovelo. O nº12 do mundo já não jogou o encontro de pares no sábado, em que Federer e Wawrinka aproveitaram para chegar ao último dia na frente do marcador. E, aí, foi o melhor jogador de sempre a marcar a sua lei.

Richard Gasquet nada conseguiu fazer para evitar a primeira vitória da Suíça na Taça Davis. Federer ganhou por três sets a zero sem conceder um único break e culimando o triunfo com um jogo em branco. As imagens de Gasquet a dirigir-se para o banco francês cabisbaixo foi o reflexo de que a décima «saladeira» foi ficando cada vez mais longe com o passar dos dias.

O destino que foi ficando traçado acabou por ser reconhecido pelos franceses numa manifestação de verdadeiro fair-play.
 


Perante uma assistência nunca antes verificada num encontro de ténis – o Stade Pierre Mauroy regisotu um recorde absoluto de 27.488 espectadores –, Roger Federer estabeleceu mais uma marca pessoal com o 50º triunfo de um jogador suíço na Taça Davis. A vitória helvética significou também mais uma conquista para o nº2 do mundo que deverá fechar o seu armário de troféus – sendo o ouro olímpico em singulares o único feito que deverá ficar por obter...

Aos 33 anos, Federer chegava à sua primeira final da Taça Davis com 17 títulos Grand Slam, 23 Masters 1000, seis Finais Masters e o ouro olímpico em pares. Com tudo o que estava em jogo na sequência da discussão com Wawrinka na meia-final do Masters e a desistência nessa final pela lesão nas costas, o nº2 do mundo fez uma escolha de palavras que consagraram a união na hora da vitória.

«Todos trabalharam de forma incrível para me porem em condições de jogar e o Stan [Wawrinka] esforçou-se imenso ao longo dos anos e jogou de forma incrível neste fim de semana. E foi isso que me deu a oportunidade hoje. Tenho perfeita consciência disso e esta é para os rapazes. Isto não é para mim, é para eles», afirmou Roger Federer.
 


Stan Wawrinka tratou também ele de fechar as polémicas com o selo da vitória obtida: «Tivemos um grande fim de semana, após uma semana que não foi fácil de gerir. Quando temos problemas, falamos sobre isso entre nós. Antes do fim de semana, todos pensavam que estávamos em crise, quando estávamos calmos. Roger jogou incrivelmente. Damo-nos bem e estamos felizes por jogar juntos.»

O nº4 do mundo culminou também o seu melhor ano da carreira ganhando a Taça Davis pela primeira vez no mesmo ano em que se estreou também a ganhar um torneio grand slam – coincidência de triunfos que não acontecia desde 1992 por Andre Agassi (curiosamente na primeira vez em que a Suíça foi à final da Davis). Com esta vitória na sua segunda final de sempre a Suíça inscreveu pela primeira vez o nome no palmarés dos vencedores – o que não acontecia desde 2010 quando a Sérvia ganhou.