Taça de Portugal: At. Valdevez-Santa Clara, 3-1 (crónica)

O Atlético de Valdevez venceu o Santa Clara e é, para já, a única equipa das divisões inferiores nos quartos-de-final da Taça de Portugal. Os adeptos do sexto classificado da série A da II Divisão assumiram-se como os verdadeiros tomba-gigantes desta edição da prova, uma vez que a equipa já eliminou quatro conjuntos da II Liga.
Depois de Olhanense, Gil Vicente e Oliveirense terem sido afastados por esta equipa do Norte do país, foi a vez dos açorianos do Santa Clara, segundos na tabela da II Liga, caírem, numa tarde muito fria e chuvosa, em que até a neve marcou presença no topo das montanhas.
Os dois treinadores, ex-colegas de curso, colocaram em campo os onzes habituais, demonstrando assim a importância que ambos atribuíram a este jogo. A equipa da casa actuou num 4x4x2 muito bem organizado enquanto que os açorianos apostaram no 4x3x3 habitual.
E quando o Santa Clara, que partia como favorito, ainda se começava a organizar no relvado sintético do Estádio Municipal da Coutada, já a equipa da casa marcava aos seis minutos. Canto batido por Diego e o «matador» Léo Sousa só teve de empurrar para a baliza de Alemão, numa falha de marcação incrível da defesa do Santa Clara.
Santa Clara com a bola, mas sem marcar
A partir do golo, os açorianos conseguiram dominar a posse de bola e até criaram algumas oportunidades, mas os avançados Vouho e Rincón não estavam inspirados. Por volta dos 35 minutos já se comentava nas bancadas que quem não marca, acaba eventualmente por sofrer.
E o Valdevez quase correspondeu às expectativas. Diego pegou na batuta e conduziu a equipa para várias ocasiões eminentes de golo. O médio brasileiro destacou-se pelos seus dotes técnicos e, aos 36 minutos, deixava nada mais, nada menos, do que três jogadores do Santa Clara para trás.
O intervalo chegou e Vítor Pereira não mudou nada na equipa, certamente convencido que a conversa no balneário chegaria para motivar os seus jogadores, em teoria substancialmente melhores do que os adversários. Mas não mudou.
Quando a história se repete...
Aos mesmos seis minutos, mas agora da segunda parte, Cara cruzou e André Pinto terá cortado a bola com a mão. O árbitro assistente fez sinal e Cosme Machado assinalou a grande penalidade, tendo perdoado a expulsão ao central emprestado pelo F.C. Porto. Léo Sousa não perdoou, estava feito o segundo.
66 minutos e a história repetia-se: Léo Sousa «brincava» com a defesa açoriana, quando Pacheco, acabado de entrar, não teve outra hipótese senão rasteirar Diego. Novo penalty para o Valdevez, novo golo do «matador». Até ao fim, o Santa Clara conseguiu apenas que Cosme Machado assinalasse nova grande penalidade para Oliveira marcar o golo de honra.
O Valdevez junta-se, assim, a F.C. Porto, Estrela da Amadora, Naval e Leixões nos oitavos-de-final. Está feita nova surpresa na Taça de Portugal e os adeptos do clube da série A da II Divisão já pedem os tricampeões nacionais no sorteio.
Ficha de jogo:
Estádio Municipal da Coutada. Lotação: cerca de 500 espectadores.
Árbitro: Cosme Machado (Braga)
Assistentes: Nuno Manso e Fernando Pereira
4º árbitro: Flávio de Sousa
AT. VALDEVEZ: Hugo Ferreira; Cara, Edson, Pedro Maciel e Telmo; Júlio César, Diego (Carlos Miguel, 87m), Allan (Tiba, 92m) e Rafael; David (Felipe, 76m) e Léo Sousa.
Suplentes não utilizados: Vítor Nuno, Bruno Sousa, Nandinho, e Ivair.
Treinador: Micael Sequeira
SANTA CLARA: Alemão; Hernâni, João Dias, André Pinto (Lico, 64m) e Nuno Sociedade; Danilo (Pacheco, 64m), Oliveira e Ruy; Vouho, Nuno Santos e Rincón.
Suplentes não utilizados: João Botelho, Tiago, Ruben Rodrigues, Stopira e Valter.
Treinador: Vítor Pereira
Cartões: André Pinto (45), Pacheco (66), Rafael (69), Edson (74), Hugo Maciel (88), Nuno Santos (91)
Golos: Léo Sousa (6, 54 e 67), Oliveira (89)