A corrente começou e acabou por embalar o Leixões, com Roniel como ponto de partida e chegada. O autor do penálti que cedo deu vantagem aos homens do Mar bateu o decisivo no desempate para recolocar a equipa de Matosinhos nos quartos de final da Taça de Portugal, dois anos depois. Os ventos do apuramento ainda viraram para Tondela com reviravolta, mas havia bilhete de volta a casa e tradição acentuada após os duelos das últimas duas épocas.

Impor-se-ia um «não há duas sem três» para um Leixões que afastou a equipa de Pepa em 2016 e 2017. Ou seria à terceira que os beirões sairiam do Mar com o alimento necessário para sustentar a caminhada até ao ambicionado Jamor. Imperou a primeira.

Começou por ser bonança para os de Filipe Gouveia. Ainda não estavam decorridos 20 segundos, quando João Reis derrubou Erivaldo para um penálti que Roniel não desperdiçou, apesar de Cláudio Ramos quase ter defendido.

Dois minutos, um golo e emoção a explodir de vermelho e branco na bancada. A equipa local entrou bem, confiante e ao ataque. O Tondela, meio perdido, só encontrou orientação à base da paciência e do tempo. Assim instalou-se aos poucos no Mar. E criou ali tempestade ao anfitrião.

O mapa do golo era pela direita e com ar sul-americano. Foi por aí que as investidas de Murillo deram os primeiros avisos, até ao empate. Numa bola longa pelo ar na diagonal, Peña encontrou o domínio e o remate certeiro de Delgado para o 1-1: toque latino, do Peru ao Chile (20m).

Golo era sinónimo de confiança e foi mais aproveitado pelo Tondela, na sequência de um livre colocado na área ao qual Delgado, após defesa de Luís Ribeiro, teve olho para a bicicleta espetacular de Tomané na pequena área a dar a volta ao marcador (25m).

Leixões-Tondela: ficha e filme do jogo

O Leixões entrou em maré de desconforto e só reagiu perto do intervalo, num lance em que Cláudio Ramos tapou o ângulo de passe a Bernardo, após investidas de Jorge Silva e Kukula. Tempo ainda para Erivaldo acertar no poste, mas em fora de jogo.

A segunda parte perdeu riqueza no futebol, mas ganhou expectativa com o tempo. E foi o Leixões a investir mais face à desvantagem, sobretudo em livres e cantos. De bola corrida, só Bernardo avisou num remate seco.

Mas não era em campo que estavam as soluções. O banco trá-las-ia.

Só quando Filipe Gouveia reforçou a embarcação com Ofori e Evandro Brandão – já após já ter lançado Pedro Henrique – é que o Leixões se acercou mais do ataque. Receita do empate vinda do banco, num cruzamento de Ofori para a cabeçada de Pedro Henrique. O Tondela ainda cheirou o golo na compensação, mas nada evitou o prolongamento.

Aí, houve vontade, algum engenho. Mas golos, nem vê-los. Jorge Fernandes e Arango de um lado, Roniel do outro. Ninguém deu com a baliza. Houve ainda Tomané, para uma grande defesa de Luís Ribeiro.

A decisão desta viagem estava mesmo nos penáltis. Cada guarda-redes defendeu um, mas o falhado por Xavier cedo fez pender a balança para o Leixões, que marcou por Bura, Evandro Brandão, Pedro Henrique e Roniel. Ricardo Alves e David Bruno fizeram os dos beirões, que não é desta que chegam a uns inéditos «quartos».