E no duelo em que se esperava para ver quem brilhava mais das estrelas secundárias de Barcelona e Real Madrid brilhou a dos «merengues». Gareth Bale foi a grande figura do jogo em que os «blancos» ganharam a Taça do Rei de Espanha frente ao seu maior rival. No Barcelona, Neymar ficou com o canto do cisne da partida, a um minuto do fim.

Cristiano Ronaldo estava garantidamente de fora devido à lesão que o obrigou a parar e a ver o jogo do Mestalla na bancada. Quanto a Messi, o argentino também não apareceu no «clásico» espanhol. E confirmou o mau momento de forma que vai coincidindo com o pior momento da época do Barcelona.

O Barça vai (pela primeira vez na temporada) na terceira derrota seguida, que culmina a eliminação da Liga dos Campeões, a descida ao terceiro lugar da liga espanhola (a quatro pontos do primeiro lugar) e a perda da Taça do Rei para o Real – na primeira vez em que Carlo Ancelotti venceu «Tata» Martino» (depois das duas derrotas para o campeonato).

Sem Ronaldo e com este Messi, as atenções viravam-se compreensivelmente para os dois atores secundários que gravitam ao lado dos dois grandes protagonistas de cada equipa. Até porque, nesta altura, era não só a vez deles, mas era a vez das mais caras transferências de sempre de cada clube se mostrarem quando as suas estrelas não iam, ou não se previa que fossem ser, os decisores do costume.



Neymar mostrou-se primeiro. O brasileiro do Barcelona até começou logo por arrancar, assim que o jogo começou, um cartão amarelo a Isco. Mostrava a sua arte. Mostrava que queria desequilibrar. Mas resposta demorou (muito) pouco tempo.

Gareth Bale respondeu logo a seguir, por duas vezes. Na primeira, o remate na esquerda saiu ao lado. Na segunda, pelo centro, iria com a direção certa, mas foi desviado por um adversário. À falta de Messi, o Barcelona procurava a criatividade de Neymar, também de Iniesta e ainda de Jordi Alba. Era preciso responder à vantagem no marcador que o Real conseguiu cedo: aos 11 minutos.

Os «merengues» eram mais solidários tentando responder sobretudo pelos três jogadores mais avançados – Bale, Di Maria e Benzema. O Barça jogava mais perto da área do Real, mas a pressão dos «blancos» na última zona de construção acabou por funcionar bem e foram muitas as bolas roubadas aos jogadores «culé» e que deram vários contra-golpes.

No duelo particular entre Bale e Neymar, o brasileiro melhorou (aparentemente) quando se mudou para o lado esquerdo, mas, até ao intervalo, apenas conseguiu um cruzamento muito bem feito e perigoso depois de um cabeceamento torto. O galês, pelo meio, fez mais uma boa jogada pela esquerda dando a Isco a hipótese de fazer o segundo golo (que Mascherano não deixou com uma grande oposição).



No segundo tempo, as diferenças entre «blanco» e «blaugrana» acentuaram-se. Bale foi ainda mais decisivo. E de que forma. Messi tinha conseguido dois remates frouxso no primeiro tempo. No reatamento não viria a conseguir mais do que outro chuto, muito por cima, na cobrança de um livre – e sacou um amarelo, já no fim a Xabi Alonso.

Foi muito pouco. E Neymar não conseguiu muito mais. O Barcelona esteve várias vezes para sofrer o segundo golo. O Real jogava melhor, com Bale a fazer jogadas individuais (54 minutos), a rematar (54), a correr e a cruzar (71). Foi neste período em que o Real podia ter matado o jogo que o Barça empatou.

Num lance de canto, onde não costuma ser decisivo. E por um jogador de recurso. Bartra, que esteve em dúvida até perto do jogo. Três minutos antes de Bale voltar a empurrar o Real Madrid para a frente. E, pouco depois, aos 85 minutos,   inventou o lance mais decisivo. O primeiro toque na bola é em cima da linha de meio-campo. Depois, foi uma corrida imparável – até por qualquer falta – até à linha da pequena área para o último toque, o do golo.



Um golo que valeu uma taça. Um golo que já lhe dá o estatuto de decisivo. Um golo que já se enumera ao lado dos milhões que por ele se pagou. Já com o resultado final feito e a desvantagem prestes a consumar-se, Neymar teve o seu canto do cisne com um remate a ser devolvido pelo poste. Casillas acariciou a barra como que lhe agradecendo pelo golo que não deixou entrar. E que seria injusto para o Real. E que seria injusto para Bale.

Veja aqui o filme do Barcelona-Real Madrid, 1-2