Por isso mesmo, uma análise ao último dos quatro Grand Slams do ano aconselharia, já diz o velho ditado, cautela e caldos de galinha...
Mas o Maisfutebol vai mesmo atravessar-se e, mesmo correndo o risco de se espalhar ao comprido, reduz a luta pelo caneco a três grandes favoritos: Novak Djokovic, Roger Federer e Andy Murray.
O tenista sérvio é o principal candidato ao título. Para nós e para casas de apostas, que lhe dobram o valor por cada euro que depositar numa vitória dele. Uma aposta segura?
Djokovic é líder do ranking ATP há 60 semanas consecutivas e vencedor de dois dos três Grand Slams já disputados esta temporada, mas a sua forma pós-Wimbledon tem deixado algo a desejar.
O número 1 mundial foi derrotado por Andy Murray (Toronto) e por Roger Federer (Cincinnati) nas finais dos dois principais torneios que servem de antecâmara para o US Open, e, nos entretantos, revelou dificuldades para ultrapassar adversários com rankings modestos. «Fiz um par de jogos bons e outros não tão bons. Não estou satisfeito com a minha forma e o meu jogo, mas tenho uma semana para trabalhar nisso», disse o tenista sérvio após a derrota com Federer em Cincinnati.
Roger Federer soma cinco triunfos em Flushing Meadows, mas não ganha desde 2008
Fe-de-rer. É o homem do momento. O suíço só fez um torneio desde Wimbledon, mas mostrou que, não só não baixou a guarda, como acrescentou alguns argumentos ao seu jogo. Em Cincinnati, surpreendeu com um ténis hiper-ofensivo, com respostas aos serviços alguns metros dentro do court. «Comecei a fazê-lo nos treinos mais como divertimento. Tentei outra, outra e outra vez e parece que não é assim tão difícil para mim fazê-lo. (...) Se a percentagem de sucesso for superior a 50 por cento...», referiu.
Roger Federer and his outrageous half volley return against Novak Djokovic in the Cincinnati Final. #Tennis https://t.co/JTNMokYMEL
— TAB (@tabcomau)
August 25, 2015
E, pelo menos em Cincinnati, foi. Resultado: Federerer venceu o torneio sem ceder qualquer set, sem sofrer quebras de serviço e derrotou Andy Murray e Novak Djokovic no mesmo torneio pela primeira vez desde Wimbledon, em 2012, onde o tenista helvético venceu o último dos 17 Grand Slams do palmarés.
Se o nível tenístico recente joga a favor de Federer, o histórico dos últimos anos em Flushing Meadows é um handicap. É verdade que o suíço tem de longe o melhor currículo em Nova Iorque, mas não triunfa lá desde 2008. Caso conquiste o sexto triunfo no US Open, o número 2 mundial torna-se no tenista mais velho (34 anos) a vencer o torneio desde o australiano Roy Emerson, em 1970, então com 35 anos.
Mas, para chegar à final, Roger Federer poderá ter de eliminar Andy Murray nas meias-finais. O escocês, número 3 mundial, tem um título em Flushing Meadows (2012) e soma cinco derrotas seguidas com o suíço mas, depois de um ano de 2014 à procura do melhor, parece ter regressado este ano à forma que evidenciou entre 2012 e 2013. Este ano, soma uma final no Open da Austrália, duas meias-finais em Roland Garros e Wimbledon e quatro títulos ATP. Na primeira ronda vai defrontar o australiano Nick Kyrgios, um dos maiores talentos da mais recente geração do ténis mundial e considerado o novo «enfant terrible» da modalidade. Um digno sucessor de John McEnroe.
E Nadal?
Soa a heresia colocá-lo fora de fora do lote dos candidatos. Um desrespeito para com o segundo tenista com mais torneios do Grand Slam, a par de Pete Sampras e apenas atrás de Federer. Com 14 «majors» no palmarés, Rafael Nadal foi por duas vezes rei nos Estados Unidos (2010 e 2013), mas um terceiro triunfo afigura-se altamente improvável. O maiorquino falhou os últimos meses de 2014 devido a lesão e este ano ainda não conseguiu reencontrar o melhor ténis. Falhou em toda a linha, incluindo em Roland Garros, onde chegou a ser intocável, e, pela primeira vez desde 2004, pode ficar uma época inteira sem vencer um único torneio do Grand Slam.
Nadal tem um quadro difícil em Nova Iorque. O oitavo lugar que ocupa no ranking coloca-o em rota de colisão com Djokovic nos quartos-de-final. Mas, se quiser lá chegar, o maiorquino terá de começar por eliminar a «sensação» croata Borna Coric, com quem até perdeu no único confronto entre ambos, em 2014.
João Sousa é o único português em ação. Defronta esta segunda-feira o lituano Ricardas Berankis, 78.º do ranking
Outros à espreita
Começámos este artigo a falar de Marin Cilic. O tenista croata ainda não venceu qualquer torneio ATP em 2015 e repetir o título do ano passado parece improvável. Mas quem apostava nele em 2014?
Outros potenciais «desmancha-prazeres» dos principais candidatos são Kei Nishikori e Stan Wawrinka. O japonês, atual 4.º classificado da hierarquia, tem um ténis regular e é dos poucos tenistas que podem gabar-se de já terem derrotado o chamado «big four»: Djokovic, Federer, Murray e Nadal.
Wawrinka (5.º) é talvez a maior das ameaças para os grandes favoritos. O tenista suíço viveu anos na sombra do compatriota Roger Federer, mas ganhou o respeito da concorrência em 2014, com a vitória no Open da Austrália. Este ano, Stan provou que o triunfo no país do cangurus não foi obra do acaso e somou um segundo «major» ao palmarés, derrotando Djokovic na final do Roland Garros. Aparece a espaços, mas quando aparece... é à séria. Está na metade do quadro de Federer e Murray.
Serena Williams procura fazer o pleno de vitória em torneios do Grand Slam em 2015
Serena contra o resto do mundo
Se na competição masculina o lote de candidatos é reduzido, entre as senhoras o favoritismo é exclusivamente atribuído a Serena Williams. A norte-americana é a campeão em título de todos os torneios do Grand Slam, mas ainda corre em busca de um outro feito só alcançado por duas mulheres (Margaret Court e Steffi Graff) desde o início da Era Open, em 1968: vencer todos os «majors» realizados num ano civil. Depois disto, segue-se nova meta para a tenista de 33 anos: o recorde absoluto de Grand Slams conquistados (24), na posse Margaret Court.
Numa segunda linha está a romena Simona Halep, depois da desistência de Maria Sharapova por lesão. Mas quem arrisca apostar contra Serena?
QUADRO DE CAMPEÕES EM SINGULARES
Torneio masculino
Richard Sears, William Larned e Bill Tilden: 7
Jimmy Connors, Pete Sampras e Roger Federer: 5
Robert Wrenn e John McEnroe: 4
Torneio feminino
Molla Bjurstedt Mallory: 8
Hellen Wills Moody: 7
Chris Evert e Serena Williams: 6
A 1.ª RONDA DOS DEZ PRIMEIROS CABEÇAS-DE-SÉRIE (torneio masculino)
(1) Novak Djokovic (Sérvia) - João Souza (Brasil)
(2) Roger Federer (Suíça) – Leonardo Mayer (Argentina)
(3) Andy Murray (Reino Unido) – Nick Kyrgios (Austrália)
(4) Kei Nishikori (Japão) – Benoit Paire (França)
(5) Stan Wawrinka (Suíça) – Albert Ramos Vinolas (Espanha)
(6) Tomas Berdych (Rep. Checa) – Bjorn Fratangelo (Estados Unidos)
(7) David Ferrer (Espanha) – Radu Albot (Moldávia)
(8) Rafael Nadal (Espanha) – Borna Coric (Croácia)
(9) Marin Cilic (Croácia) – Guido Pella (Argentina)
(10) Milos Raonic (Canadá) – Tim Smyczek (Estados Unidos)
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João Sousa (Portugal) – Ricardas Berankis (Lituânia)