A seleção portuguesa de andebol feminino jogou este domingo em Ancara, frente à Turquia, tendo sido derrotada por 37-31, e regressava ao hotel quando ouviu uma forte explosão: tão forte, aliás, que o primeiro pensamento foi logo que era uma bomba.

Era efetivamente uma carro armadilhado, num atentando que provocou já a morte de 34 pessoas e ferimentos em mais 125.

«Pensámos logo que podia ser grave», contou o selecionador Ulisses Miguel ao Maisfutebol.

«Nós tivemos jogo, depois regressávamos ao hotel e quando chegámos ouvimos uma grande explosão. Passado uns instantes começámos a ouvir sirenes e pessoas a rezar. O som foi enorme, ficamos de imediato com a sensação que seria uma bomba.»

O atentado aconteceu através de um carro armadilhado, que foi lançado contra um autocarro, e teve lugar a três ou quatro quilómetros do hotel onde estava a seleção portuguesa. Curiosamente a comitiva nacional já tinha passado pelo local.

«Ontem à noite, quando chegámos, viemos do aeroporto e passámos por lá», disse Ulisses Miguel, referindo-se a uma paragem de autocarros na Avenida Ataturk, perto do parque Guven, no centro da capital da Turquia.

«Mas já nos disseram para estarmos tranquilos que amanhã não vamos passar por lá. Vamos fazer um caminho alternativo, por fora do centro da cidade, para evitar as zonas potencialmente menos seguras.»

Ora neste momento a comitiva da seleção nacional permanece no hotel e naturalmente com ordens para não sair do edifício. Por isso, diz, as pessoas estão minimamente serenas. O maior problema, portanto, é a viagem de amanhã de regresso a Portugal.

«Não vou dizer que está tudo calmo. Há uma ansiedade natural de um grupo de raparigas que amanhã vai sair do hotel para viajar, se o aeroporto estiver aberto», referiu.

«O que nos disseram é que as pessoas aqui já estão rotinadas para este tipo de atentados e que geralmente não têm o hábito de fechar o aeroporto. À partida vamos poder viajar, mas vamos ver como estão as coisas amanhã.»

Enquanto isso, Ulisses Miguel diz que as jogadoras de 19 ou 20 anos «até são as mais calmas», provavelmente por alguma inconsciência, e que tem havido da parte da equipa técnica, dos médicos e dos dirigentes «a preocupação de manter o grupo tranquilo».

À volta do hotel está tudo calmo nesta altura, mas o selecionador nacional não deixa de referir que na altura da explosão o ambiente se tornou caótico. O mais surpreendente foi, depois da explosão, as pessoas terem começado a rezar em todo o lado: até nas ruas.

«Aconteceu passado poucos minutos, parecia uma coisa concertada, toda a gente em rezar em uníssono. Nós entramos no hotel, por isso nem vimos bem, só ouvíamos toda a gente a rezar a mesma oração. Parecia uma reação articulada à explosão.»

Esta segunda-feira, portanto, e se tudo correr bem, a seleção nacional feminina regressa a Portugal, com uma grande aventura na memória e uma derrota na bagagem.

«Nós queríamos ganhar este jogo, porque a Turquia é a seleção mais acessível do grupo. Já tínhamos vencido em Portugal e queríamos vencer aqui. Não foi possível, paciência. De qualquer das formas teríamos sempre de fazer a surpresa de vencer a Dinamarca ou a Rússia para conseguirmos o milagre do apuramento, vamos ver se é possível...»

Para já, o mais urgente é esta noite: dormir bem, sem sobressaltos, e amanhã conseguir regressar a Portugal. Esse o objetivo mais imediato da seleção nacional feminina de andebol.

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