José Augusto recorda José Torres emocionado, mas prefere lembrar os bons momentos que passaram juntos, no dia da morte do seu antigo companheiro no Benfica e na Selecção. A começar pelas partidas que pregavam aos outros jogadores na Luz.

«Temos muitas brincadeiras no Benfica, foram muitos anos de convivência. Éramos muito amigos, viveram-se anos muito significativos no clube. Nós éramos muito brincalhões, sonhávamos de noite nas partidas que fazíamos aos nossos colegas durante o dia», conta o antigo jogador e treinador à agência Lusa, lembrando que ambos partilharam quarto e cumplicidades durante vários anos.

José Augusto começa por recordar o percurso conjunto. «Chegámos ao Benfica na mesma altura, ele tinha acabado de prestar provas no Belenenses, que não o aceitou. O tio dele, o Francisco Torres, também jogador do Benfica, falou com Fernando Caiado e Bella Guttmann, e ficou a prestar provas no clube durante um mês», revela. Nesse período, em dois jogos à experiência o «Bom Gigante» marcou «nove golos num jogo e no outro seis»: «O Bella Guttmann, que era um homem de uma perspicácia de análise com olhos virados para a frente mandou logo fazer contrato com o Torres.»

O antigo avançado enaltece ainda a dedicação da família de Torres nos seus últimos anos, quando sofria da doença de Alzheimer. «Deus vai tê-lo ao seu lado direito porque ele merece-o, foi um homem de bem», conclui, com voz embargada.

Também Toni elogia o jogador e o homem que foi José Torres. «Tive o privilégio de conviver com esse jogador e homem chamado José Torres. Falar do futebolista é dizer aquilo que ele foi e é para o Benfica e para a selecção nacional. Como homem, a vertente que está mais escondida do público, é falar dos valores e princípios que defendia», defende.

«Agora é altura de partilhar a dor com a família, especialmente com a mulher que foi de uma dedicação extraordinária em relação à doença que tinha», prosseguiu, lamentando ainda que Torres não tenha tido mais apoio dos homens do futebol nos últimos anos: «Os seus colegas pouco fizeram, e há aqui um ¿mea culpa¿, de termos assobiado um pouco ao lado com aquilo que ia acontecendo ao Torres. Nesta altura as palavras e elogios são sempre fáceis.»