A festa da Taça apareceu na Lourinhã para um visitinha de médico: durou menos de meia hora. Dois erros do Lourinhanense e um equívoco do árbitro precipitaram a retirada da emoção e tornaram a hora de jogo que sobrava num lento arrastamento dos minutos até à construção da goleada.

Mas por partes. Antes de mais convém dizer que aqueles vinte minutos iniciais foram interessantes e valeram a pena. O Lourinhanense entrou a jogar no meio-campo do P. Ferreira, sempre à procura do golo, mostrou um Paulinho com bons princípios na direita do ataque e, enfim, deu nas vistas.

Na primeira saída para o ataque, o P. Ferreira fez golo. Caetano fugiu à defesa, isolou-se na cara de Sérgio Nobre e sofreu falta. Aqui o equívoco do árbitro: a falta foi fora da área: Vítor converteu o penalty e abriu o marcador. Ora o golo atingiu o Lourinhanense, mas não o derrubou.

Recorde como vivemos o jogo

Continuou a jogar à bola e quase empatou, num remate de Paulinho para boa defesa de Cássio. Esta equipa da terceira divisão, que só tem jogadores amadores, mostrou as debilidades naturais de quem joga futebol apenas nas horas vagas, mas colocou alma no jogo e alimentou a esperança.

Depois, claro, veio o fim. Outra vez Caetano na jogada, entra na área e sofre um toque no braço de Diogo Bento: deixa-se cair, naturalmente. O árbitro assinala penalty e mostra vermelho ao lateral. Aqui, sim, começou o descalabro: aquele toque no braço de Caetano é no mínimo infantil.

Ora Josué converteu a falta e fez o 2-0. Foi a primeira grande machadada no jogo. Logo no minuto depois, Vítor surge solto na área, os jogadores do Lourinhanense pedem fora de jogo e deixam o médio fazer o terceiro golo. Estavam jogados 25 minutos e a festa da Taça já tinha ido embora.

Sobrou mais uma hora de jogo que só deu Paços, claro. Mesmo em ritmo de treino, a formação de Paulo Fonseca fez mais três golos: podia ter marcado o dobro. O Lourinhanense perdeu a motivação que trazia para o jogo e que era a única arma que tinha para alimentar a esperança de fazer Taça.

O jogo tornou-se monótono, claro. Uma longa lição de aborrecimento. Antes do fim, de resto, o guarda-redes Sérgio Nobre ainda foi expulso por ver o segundo amarelo ao protestar um canto assinalado pelo árbitro: chutou a bola para longe e deixou a equipa a jogar com nove jogadores.

Um erro que diz tudo sobre este Lourinhanense: trouxe muita vontade para o jogo, mas cometeu uma série de erros primários. Saiu da Taça de Portugal vergado a uma goleada das antigas, naquela que foi a primeira presença desta equipa nos oitavos de final. O Paços, esse, foi sério até ao fim.

FICHA DE JOGO

Estádio Municipal da Lourinhã, na Lourinhã

Espetadores: cerca de três mil

Árbitro: Jorge Ferreira (Braga)

Assistentes: Inácio Pereira e João Dias

Quarto árbitro: Luciano Maia

LOURINHANENSE: Sérgio Nobre; Diogo Bento, Éder Garcia, Marco Ramos e José Carlos; Bruno Antunes, Paulo Inácio e João Ferreira; Paulinho (Dário, 69m), Pedro Fonseca (Ricardinho, 46m) e Fábio Portela (Paulo Ricardo, 46m).

Suplentes não utilizados: Martinho, André Cosme, Lupeta e Sílvio.

Treinador: Luís Brás

P. FERREIRA: Cássio; Diogo Figueiras, Tiago Valente, Ricardo e Nuno Santos; Luiz Carlos, Josué e Vítor Emanuel (Filipe Anunciação, 46m); Arturo Alvarez (Uillian, 68m), Cícero e Caetano (Vinicio Angulo, 56m).

Suplentes não utilizados: António Filipe, Cohéne, Antunes e Manuel José.

Treinador: Paulo Fonseca

GOLOS: Vítor (9m, g.p., e 26m), Josué (25m, g.p.), Arturo Alvarez (55m), Cícero (59m) e Vinicio Angulo (65m)

Disciplina: cartão amarelo para Sérgio Nobre (8m), Bruno Antunes (26m), Paulo Inácio (52m), Sérgio Nobre (67m), Diogo Figueiras (86m) e Uillian (89m), cartão vermelho direto para Diogo Bento (25m) e cartão vermelho por acumulação para Sérgio Nobre (67m)