Trofense e Rio Ave não são propriamente desconhecidos. Nas duas últimas épocas, defrontaram-se na Liga de Honra por quatro vezes, sendo que, na Trofa, nunca tinham conseguido sequer marcar um golo. E, até aos 62 minutos, a partida não foi muito mais do que uma ameaça de prolongamento dessa tradição.
A chuva que caiu enquanto os jogadores aqueciam parecia ser um mau agoiro. O relvado ficou pesado e o espectáculo seria certamente prejudicado. Mas o campeão da Liga de Honra em título puxou dos galões para mostrar por que razão está no escalão principal do futebol português e logo no primeiro minuto teve oportunidade para se colocar em vantagem, mas Lipatin falhou.
O Trofense continuou a carregar no acelerador e o golo chegou aos nove minutos, embora o árbitro assistente de Rui Costa o tenha anulado por pretenso fora-de-jogo de Miguel Ângelo na altura em que Delfim cobra o livre. Ficaram algumas dúvidas no lance, principalmente porque é Gaspar a fazer o desvio que coloca o jogador do Trofense isolado.
A primeira parte prosseguiu com um Trofense mais atrevido, tendo em Hélder Barbosa a sua principal figura. No entanto, faltava algum discernimento à equipa na hora de construir jogadas de ataque. O Rio Ave foi mais matreiro neste período e usou a sua maior experiência na Liga para criar vários lances antes do intervalo.
Entrada de Pinheiro não podia ter sido mais acertada
As conversas no balneário não surtiram grande efeito e a segunda parte ameaçava ser um longo martírio para os poucos adeptos que se deslocaram ao Estádio do Trofense. Só que, aos 61 minutos, Tulipa decidiu lançar Pinheiro e a história muda de figura.
Apenas um minuto depois, Hélder Barbosa e Milton do Ó brincavam com a defesa do Rio Ave e Edu Souza falhava escandalosamente. Só que Paiva não conseguiu segurar e Pinheiro estava no sítio certo à hora certa. Estava feito o primeiro golo do Trofense.
Os vila-condenses não souberam reagir ao golo sofrido e os da casa começaram a aproveitar qualquer desculpa para passar o tempo. O Rio Ave caiu na armadilha e deixou-se perder em faltas evitáveis e discussões sem fim.
Há vida na Trofa!
Mas Pinheiro quis lembrar que estava em campo e, aos 82 minutos, depois de discutir com o árbitro, que lhe havia mostrado um cartão por demorar muito tempo a cobrar o canto, colocou a bola na cabeça de Valdomiro. O defesa goleador saltou mais alto do que todos: 2-0 para o Trofense e uma vitória muito importante que aproxima a equipa dos maiores rivais na luta pela manutenção.
Até ao fim, os adeptos trofenses esqueceram o frio, colocaram-se de pé e até gritaram «olés». Afinal, há vida na Trofa e estes 90 minutos provaram que a equipa local não está com vontade de regressar à Liga de Honra. Quanto ao Rio Ave, o calendário está a deixar de servir de desculpa para os maus resultados e alguma coisa terá de mudar.