O livro «Mourinho, porquê tantas vitórias?», da autoria de quatro jovens licenciados em Desporto (Bruno Oliveira, Nuno Amieiro, Nuno Resende e Ricardo Barreto) foi apresentado esta quinta-feira em Lisboa. O jornalista Carlos Daniel assumiu as honras da cerimónia, como moderador, o treinador Toni e o comentador Luís Freitas Lobo apresentaram a obra. No que acabou por se tornar uma discussão à volta de Mourinho que lançou algumas ideias curiosas sobre o treinador do Chelsea.
Toni foi o primeiro a pegar na palavra e frisou logo que não pertencia ao grupo de amigos de Mourinho, sendo apenas um admirador. Posto deu cinco motivos para os êxitos do técnico: primeiro, o poder de comunicação, «onde Mourinho é melhor do que ninguém»; segundo, a competência; terceiro, a capacidade de liderança nos conflitos que tem tido; quarto, a capacidade de gerir os recursos humanos que tem ao seu dispor; quinto, o talento de escolher os jogadores que melhor servem o seu sistema de jogo.
O antigo treinador encarnado, de uma escola bastante diferente da de Mourinho, aproveitou ainda para desmoralizar todas os seguidores que pretendem trilhar o mesmo caminho do treinador do Chelsea. «No futebol não há imitações», sublinhou. «Tal como Bella Gutman, Pedroto e Eriksson, também José Mourinho é único». Por isso tem o sucesso que tem. E vai continuar a ter por muito que desagrade a alguns. «Ele vai ganhar mais vezes porque revolucionou a forma de treinar. Pode não ganhar sempre, mas vai ganhar mais do que os outros», garantiu. «Mourinho deve constituir um orgulho para todos os treinadores portugueses».
«Os jogadores do Mourinho sabem melhor a táctica dos adversários do que eles próprios», diz Luís Freitas Lobo
Depois de Toni, foi a vez de Luís Freitas Lobo pegar na palavra. Para o comentador, o treinador do Chelsea conseguiu ter sucesso porque inovou. «O Mourinho criou um futebol diferente a nível de treino, de jogo e de análise de adversários», disse. «Os jogadores do Mourinho sabem melhor a táctica dos adversários do que eles próprios». O que se deve em muito ao trabalho da equipa que acompanha o técnico. «Tenho de destacar o trabalho de André Vilas Boas na observação dos adversários e na elaboração de relatórios sobre essas observações feitas. Tanto o André Vilas Boas quanto o Rui Faria são fundamentais para o sucesso da empresa Mourinho».
Regressando a Mourinho, Luís Freitas Lobo considera que um dos fundamentos do sucesso do treinador prende-se com a desmistificação do pico de forma. «O Chelsea, tal como o F.C. Porto antes, tem sempre a mesma intensidade ao longo da época». Por isso Mourinho inventou novas formas de treinar. «Ele trabalha sempre o físico e a táctica em conjunto, há uma interligação entre as duas vertentes. As equipas que ele treinou não têm quebras emocionais ou físicas durante os jogos. E repare-se que a parte emotiva é tão ou mais importante do que a física». No final o comentador terminou com uma frase lapidar. «Algumas pessoas podem não gostar de Mourinho, mas todas o respeitam».