«Um domingo à moda antiga». O V. Guimarães promoveu, assim, a 17ª jornada. Com razão e ilusões, o Estádio D. Afonso Henriques parecia cada vez mais uma casa assombrada para os brancos e o público apareceu para ajudar a driblar a crise de confiança.

Sem deslumbrar, a equipa minhota teve alguns protagonistas: Fajardo fez o comum adepto subir às alturas. Fiquemos, para já, por aqui sobre a feliz chave do jogo.

Em boa verdade, o Marítimo mostrou coesão com um bloco defensivo baixo. A formação orientada por Sandri esteve bem organizada atrás e com desenvolvimentos interessantes nas transições para o ataque guiado por Aquino e companhia. Faltou ao Marítimo alguém que pontuasse melhor as operações no meio-campo e maior capacidade no remate. Olberdam (impôs físico) não é Bruno e Taka (tarde de estreia) não é Djalma; também faltou mais acerto no remate final para ultrapassar um guarda-redes insuperável. Seria a principal marca negativa da equipa a explicar o fraco rendimento global.

O V. Guimarães está, porém, bem melhor do que há umas jornadas atrás e dificultou a acção dos insulares, mas continuou a mostrar alguma ineficácia atacante.

Sinais do domínio

Mas o V. Guimarães só tinha de desconfiar da qualidade de jogo do adversário e da potência de Vítor Aquino. Em suma, o calculismo e disciplina táctica do Marítimo, que veio a Guimarães para pontuar.

No conjunto de soluções no banco, Lori Sandri operou várias mudanças na equipa e promoveu as chamadas de Olberdam, Miguelito, Ytalo, Aquino e Taka, já Cajuda confirmou, praticamente, a equipa que levou à Luz e apostou na consistência e futebol moderno de Custódio para o lugar de João Alves. Curiosamente, ainda no início da partida, o treinador analisou a condição de Marquinho, com Roberto e Santana a aquecer entre os titulares. O brasileiro esteve bem e mostrou capacidade de explosão, como quando serviu Desmarets na 1ª parte.

Na onda de recuperar terreno frente a um candidato directo às competições europeias, o V. Guimarães circulou e trocou bem a bola para marcar o ritmo ideal do seu jogo. Se o conseguiu em parte, o desgaste da partida com o Benfica durante semana acentuou dificuldades e diminuiu a iniciativa nos espaços do campo para os ataques rápidos. Um novo sopro surgiu, então, nas botas de Fajardo, bastante feliz no cruzamento remate que desviou num defensor e surpreendeu Marcos, fiado no golpe de vista. O pé quente do vitoriano quase voltava a marcar na 2ª parte com um remate à meia volta a concretizar e a provar oportunismo, fantasia e ilusão. O 1-0 persistiu, até Nuno Assis chutar uma bola em zona frontal e Marcos a não conseguir segurar a bola, a dois tempos e perto da linha de baliza. Um «frango» que pouco importou a Assis, que comemorou fervorosamente.

O futebol de dúvidas dos insulares batia, agora, na forte personalidade do V. Guimarães. Um sinal das dificuldades. A encravar na defesa contrária, as hipóteses de alimentar o ataque pelo centro do terreno será, na prática, uma explicação bem lógica para a tentação em que caiu o Marítimo, sem conseguir finalizar as intenções de Baba ou Aquino. Já o V. Guimarães transfigurou o «fantasma» de jogar futebol diante dos seus adeptos, preparando o caminho para um lugar nas provas da UEFA e relança-se na discussão.

Se Lori Sandri mexeu bastante no onze, lançou Baba ao intervalo por troca com Taka para ampliar a contundência que o japonês não teve na primeira metade. O treinador do V. Guimarães contrapôs com as entradas de Luís Filipe, Santana e Wênio. Nas diversas passagens do jogo, o V. Guimarães foi mais dominante, ainda que o Marítimo tentasse reagir. Marcou por Baba e até podia ter empatado, mas o V. Guimarães manteve a vantagem.

O Marítimo voltou a ceder frente aos minhotos, apesar da resposta positiva, mas pouco produtiva em Guimarães, não apagando da memória o mau resultado da 1ª volta frente a um Vitória de orgulho recuperado e com um voto de crédito.