O futebol deu-o a conhecer ao país desportivo, o futebol terá sido a razão da sua vida, talvez por isso tombou em campo, de camisola vestida, de chuteiras calçadas e com a bola a saltitar num jogo de amigos. Hugo Cunha caiu redondo no chão, em Junho, quando a morte se apoderou daquele corpo jovem, de 28 anos, ainda com muito para dar à modalidade, ainda com muito para dar à própria família.
Foi precisamente a pensar na família do malogrado jogador que o U. Leiria e o V. Guimarães, clubes que representou, uniram as mãos por uma causa nobre que visa ajudar a viúva e a filha, a pequena Bruna. Vítor Magalhães, presidente dos vimaranenses, ofereceu uma salva de prata à esposa de Hugo Cunha, os adeptos bateram palmas, mas nem os mais nobres gestos suavizam a mais profunda das dores.
Por vir ao texto o nome dos adeptos, a consternação de ver um estádio muito vazio, quando o jogo de futebol era apenas o suporte para canalizar uma boa receita e ajudar a família do atleta falecido, é um facto incontornável. Cerca de duas mil pessoas compareceram no Estádio D. Afonso Henriques para esta sentida homenagem em que o V. Guimarães e U. Leiria afinaram a táctica e apuraram o entrosamento para ultrapassarem as derrotas das duas primeiras jornadas.
Estreia positiva de Dário
No V. Guimarães, a mecanização começa a ficar mais afinada, embora a equipa não concretize o volume de oportunidades criadas, aliás, uma pecha que se tem verificado neste arranque do campeonato. Os vimaranenses foram sempre o conjunto mais atrevido, construíram bons lances ofensivos ¿ Neca esteve imperial na organização colectiva ¿ e Saganowski deu muito que fazer à defesa do U. Leiria e até acertou no ferro da baliza. Dário estreou-se e mostrou pormenores interessantes na asa esquerda.
Mas os golos não apareceram para desespero dos adeptos que ansiavam por um festejo para extravasar toda aquela fúria contida. A equipa produz um futebol aceitável, mas ainda está longe de agradar perante a exigente massa associativa e claudica em termos defensivos. Talvez por isso, ouviram-se alguns assobios e os jogadores ¿ e o próprio treinador também - sentiram na pele um certo nervosismo de quem precisa de um resultado robusto para suavizar um mau começo de campeonato.
Em abono da verdade, se o V. Guimarães ainda é uma máquina em afinação, o U. Leiria revelou-se muito longe do que produziu nas mais recentes épocas. Em termos ofensivos, o conjunto orientado por José Gomes foi quase nulo (marcou o golo em cima do apito do árbitro, por Cadú, num lance de bola parada) e só a defesa deu cartas perante o fogo dos avançados vimaranenses. Imediatamente a seguir ao intervalo, Jaime Pacheco colocou nove jogadores em campo, mas nem isso alterou o filme dos acontecimentos: muitas oportunidades, zero golos. Há ainda muitos princípios a rever e que têm de ser corrigidos o quanto antes. Pelos dois treinadores.
FICHA DO JOGO
Jogo de homenagem a Hugo Cunha no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães
Árbitro: Cosme Machado
Assistentes: Fernando Pereira e Nuno Manso
V. Guimarães (4x2x3x1) - Nilson; Mário Sérgio, Geromel, Cléber e Hélder Cabral; Svard e Flávio Meireles; Manoel, Neca e Dário; Saganowski.
Jogaram ainda: Paiva, Zezinho, Moreno, Medeiros, Rogério Matias, Pintassilgo, Rivas, Targino e Paulo Sérgio.
Suplentes não utilizados: Pedro Freitas, Dragoner,
Treinador: Jaime Pacheco
U. Leiria (4x4x2) - Fernando; Laranjeiro, Renato, João Paulo e Alhandra; Lourenço, Nené e Kata e Fábio Felício; Maciel e Paulo César.
Jogaram ainda: Costinha, Éder, Tixier, Cadú, Ferreira, Miramontes, Gabriel, Alberoni, Anderson, Paulo Gomes, Quievreux.
Suplentes não utilizados: Touré
Treinador: José Gomes
Ao intervalo: 0-0
Resultado final: 0-1 (Cadu, 90m).