A figura: Toscano

Abençoado Toscano, terão pensado os nove mil espectadores que enfrentaram o frio de Guimarães para apoiarem a equipa no D. Afonso Henriques. Depois de uma primeira parte sem história, o brasileiro lembrou-se de jogar futebol e justificou o bilhete. Marcou dois golos, ambos de cabeça, mas fez muito mais: devolveu a fé a uma equipa que parecia alheada. Se os pontapés na bola do primeiro tempo se transformaram em jogadas de futebol no segundo, Marcelo Toscano tem de ser um dos principais responsáveis.

A desilusão: Ney Santos

Imprudência pode ser um defeito bem penalizador. Que o diga Ney Santos, expulso na pior altura possível para a sua equipa. Os sadinos estavam em desvantagem no marcador há poucos segundos e ficariam também em desvantagem numérica. Nuno Assis arranca pela esquerda, percebe que não tinha espaço e tenta dar a volta. Nessa altura é tocado por Ney. Sem necessidade. O V. Setúbal acabou ali.

O momento: finalmente futebol

Minuto 53. Ainda com o cinzentismo do primeiro tempo na mente de todos, o V.Guimarães descobria o caminho para o golo. Sociedade canarinha, num golo com ritmo de samba e calor suficiente para exterminar os arrepios da noite de Outono. Centro bem medido de Bruno Teles, cabeceamento ainda melhor de Toscano. Mais do que abrir o activo, o golo abriu as gargantas dos impacientes adeptos e serenou os ânimos. E, claro, começou a ver-se futebol.

Outros destaques

Nuno Assis

Toscano fez os golos, Assis «arranjou» as expulsões. Se é verdade que é a marcar que se ganham jogos, este ficou bem mais fácil quando o V. Setúbal ficou reduzido a dez e, depois, nove jogadores. Derrubado por Ney Santos no primeiro lance, rematou para a intervenção com a mão de Ricardo Silva no segundo. Vermelho para um, vermelho para outro. No resto do jogo, procurou ser útil e rápido a decidir. Não foi brilhante, mas esteve bem.

Edgar

Só marcou de penalty, mas fez por merecer o golo. Na primeira parte pareceu um cavaleiro à parte. Como se tivesse descoberto o poder de um energético numa batalha em câmara lenta, foi tentando acabar com a monotonia. Não teve acompanhamento. Na segunda parte até foi ultrapassado pelo parceiro de serviço, mas não se importou e continou

Jorge Gonçalves

O mais perigoso dos homens do V. Setúbal. Arrancou a todo o gás, aproveitou o espaço entre Bruno Teles e João Paulo para fazer mossa. Passou por lá num par de ocasiões, mas faltou-lhe discernimento. Tentou ser feliz de longe com um cruzamento/remate que foi, por ventura, o lance mais perigoso da primeira parte.