Agora sim, está fechada a primeira volta da Liga, com o F.C. Porto novamente de braço dado com o Benfica no topo da classificação, com uma vitória que caiu do céu no Bonfim (3-0). Mais uma vez sem entusiasmar, a equipa de Vítor Pereira ganhou vantagem cedo, na transformação de uma grande penalidade, e matou o jogo nos instantes finais, quando o Vitória já estava reduzido a nove. Não foi preciso correr, nem brilhar, bastou deixar o jogo correr e estar atento aos «brindes» de um adversário que vive muito das emoções.

Muitas diferenças em relação a 14 de dezembro, a data original do jogo, com menos água no Bonfim, mas com um F.C. Porto bem mais limitado. Num espaço de quarenta dias, Vítor Pereira perdeu James (lesionado) e Fernando (castigado), além de ter ficado com um banco bem mais pobre, sem Kléber (lesionado), Atsu (na CAN-2013) e Miguel Lopes (no Sporting). Nos últimos jogos, o treinador tinha adiantado Defour para cobrir a ausência do colombiano, mas esta noite voltou a recuar o belga, para o lugar de Fernando, abrindo espaço para a estreia, como titular, de Kelvin na frente de ataque.

Ao primeiro apito de Pedro Proença, as duas equipas encavalitaram-se numa curta faixa no meio-campo, com poucos espaços, mas cedo se percebeu que o primeiro a errar ia pagar caro por isso. Foi o Vitória, logo aos nove minutos, com Pedro Santos a perder uma bola, quando procurava sair a jogar, e a fazer falta sobre Varela no interior da área. Sem ter feito muito por isso, o F.C. Porto ganhava vantagem, com Jackson, desde a marca de castigo máximo, a igualar Meyong no topo da lista dos melhores marcadores (13 golos). A justificação chegou logo a seguir, com duas oportunidades claras, que só não resultaram em novos golos, porque Kieszek estava em noite inspirada. Espetacular a defesa do polaco a um remate de Kelvin a curta distância.

Meyong vai deixar saudades

O Vitória demorou a digerir o golo, mas, aos poucos, foi-se recompondo e, depois de recuperar o equilíbrio, com Meyong a esticar a equipa para a frente, carregou no acelerador nos últimos quinze minutos antes do intervalo e ainda provocou alguns calafrios junto à área de Helton. José Mota povoou bem o meio-campo, com a aposta em Bruno Turco, e os sadinos, mantendo a estratégia inicial, com pressão alta, obrigaram o F.C. Porto a recuar. O avançado camaronês, já de malas feitas para Angola, deixou claro que está decidido a deixar saudades no Bonfim, com uma exibição em crescendo. Esteve muito perto de marcar, mas a melhor oportunidade da equipa sadina resultou de uma «rosca» de Lucho que quase traiu Helton.

A abrir a segunda parte, Vítor Pereira viu-se obrigado a novas alterações, depois de perceber que Kelvin tinha ficado limitado com uma aparatosa queda, logo a abrir o jogo. Com poucas opções no banco, o treinador remendou a equipa com a entrada de Maicon para o centro da defesa, desviando Mangala para o lado esquerdo e fazendo subir Alex Sandro no terreno. O F.C. Porto voltou a entrar melhor, mas sempre com um ritmo baixo, à espera de novos «brindes» de um adversário que, mais do que a chamada «alma», pratica um futebol muito emocional, reagindo aos estímulos que chegam das bancadas.

Mais dois brindes

Dois estados de espírito bem distintos em campo. Um Vitória de dentes cerrados a lutar por todas as bolas e um F.C. Porto demasiado tranquilo, como se já tivesse feito tudo o que tinha a fazer. José Mota não deixou de acreditar e trocou Pedro Santos (o «réu» do penalty) por Cristiano. Vítor Pereira também refrescou o ataque, trocando Varela por Seba, redimensionado a equipa para jogar em contra-ataque.

O jogo estava, assim, equilibrado, quando o Vitória deitou tudo a perder, com duas expulsões, que deixaram caminho aberto para o F.C. Porto matar o jogo com um novo golo de Jackson, melhor marcador da Liga, e mais um de Lucho a fechar.