André Villas-Boas abordou esta quinta-feira publicamente o reconhecimento de mea culpa depois da má análise a um lance controverso do V. Guimarães-F.C. Porto e consequente e expulsão. O treinador sente-se tranquilo e lembra que o reconhecimento do erro não é algo muito visto no futebol português.

«Acho que a minha mea culpa pode ter pouco significado, mas também é algo que me parece insólito no futebol português. Há muita gente que não tem razão nas críticas que faz e depois é incapaz de rectificar o que quer que seja. As pessoas que depois da 5ª jornada fizeram críticas e motivaram a análise do presidente da Comissão de Arbitragem, em que se mostrou que estavam erradas, não vieram depois fazer mea culpa. Não há lamentação possível, porque aquela era a minha convicção e certeza, que só mudou depois da confirmação de várias pessoas e da minha através do visionamento das imagens. Para mim era óbvio e foi uma pura ilusão de óptica que passou por todos nós», atirou.

«Ridículo, eu? E o comunicado do Benfica?»

«Há uma quantidade anormal de surpresas na taça»

«Moutinho já merecia ter sido titular com Queiroz»

O técnico do F.C. Porto não entende, de resto, ter esgotado o seu crédito para reclamar da arbitragem: «Esta carta vai ser jogada por todos os clubes quando não se sentirem que foi feita justiça. Um baralho são 52 cartas e espero gastar as outras 51 ao longo da época, sempre que achar que o devo fazer. O precedente foi aberto, agora quem o abriu terá de se sujeitar à critica.»

A explosão de Villas-Boas no primeiro mau resultado dos dragões foi encarada pelos comentadores como uma posição de fragilidade depois de um arranque fantástico na Liga e na Europa. No entanto, o responsável não vê as coisas da mesma forma. «Acho que é a vossa interpretação da minha reacção. Vocês, mais os moralistas e os éticos decidiram culpabilizar determinada reacção pelo empate mas a reacção foi exclusiva àquele lance, que para mim parecia demasiado óbvio. Mas não tenho de me justificar perante vocês, e dá-me igual as interpretações que fazem do que faço», assinalou.

«O RAP gosto de ler porque me faz rir»

Muito se disse e escreveu relativamente ao comportamento de André Villas-Boas na flash interview da TVI. Munido de uma veia plena de ironia, o técnico não deixou de mandar um recado nesta conferência de imprensa.

«Há a registar a quantidade de lições de moral e ética que recebi. Parece que de moralidade e ética percebo pouco. Agradeço essas palavras, sábias, que serão o meu guia para o futuro», referiu, antes do remate. «Não estou revoltado. Dá-me é gozo. Determinados artigos não me atingem. Tenho carácter forte e não me deixo levar por obras do diabo. Essas reacções é que roçam o ridículo. O RAP [Ricardo Araújo Pereira] ainda gosto de ler, porque me faz rir, mas os outros não.»