Primeiro aos factos. O jogo entre o U. Lamas e a Oliveirense (0-2), a contar para a Série B da II Divisão, acabou prematuramente, já em tempo de compensações, depois do árbitro Luís Reforço ter expulso o quinto jogador do Lamas, deixando a equipa reduzida a seis jogadores. Depois houve uma invasão no túnel de acesso aos balneários e o árbitro foi impedido de entrar no balneário. Só a intervenção da GNR, de resto, evitou a agressão.
Protegido pelos agentes da autoridade, Luís Reforço foi conduzido às instalações da GNR, onde ficou a salvo da fúria dos adeptos durante mais de duas horas e meia. Tomou banho nas instalações policiais, tal como o resto da equipa de arbitragem, mudou-se lá e só ao início da noite conseguiu seguir viagem para a Setúbal natal, tendo de ser mesmo assim protegido até à entrada para as portagens da auto-estrada.
Pedro Martins sentiu-se mal e foi transportado ao hospital
Pelo meio Pedro Martins, o treinador do U. Lamas, que fez carreira no Sporting e foi adjunto de Couceiro no F.C. Porto, sentiu-se mal e teve de ser transportado ao hospital. «Senti uma pressão forte na zona do tórax e por precaução fui realizar exames», contou ao Maisfutebol. «Acabei por ter alta já de madrugada. Está tudo bem, foi só um susto provocado pela emoção». Foi uma tarde de muitas emoções, de resto. Muitas emoções e uma enorme revolta. «Quando acabou o jogo, os meus jogadores sentiam-se impotentes perante arbitragens destas e choravam copiosamente. É público que há salários em atraso, o clube passa por dificuldades, mas eles trabalham como poucas vezes vi alguém trabalhar e é difícil não ficar revoltado com arbitragens destas».
O próprio treinador acabou expulso, para além dos cinco jogadores. Isto tudo em 45 minutos, que deixaram o U. Lamas à beira de um ataque de nervos. Até porque a equipa queixa-se também de um golo mal anulado (que dava o empate) para além de considerar que a grande penalidade que deu o primeiro golo à Oliveirense não existiu. «Se calhar vou ser multado pelo que estou a dizer, mas nota-se que na II Divisão não há verdade desportiva», diz Pedro Martins. «Há muitos interesses, muitos galos a quererem o poleiro». O treinador conhece bem a realidade da Liga, por exemplo, e com a voz embargada lamenta o que se passa no futebol menos mediatizado. «É muito difícil trabalhar seriamente na II Divisão. Acontecem muitas coisas estranhas».
U. Lamas prepara exposição à Federação e apresenta vídeo como prova

A revolta de Pedro Martins é também a revolta do presidente Américo Reis. «Temos recebido muitas informações que a arbitragem de Luís Reforço foi uma encomenda e por isso vamos proceder a uma queixa junto do Conselho de Arbitragem, a uma exposição na Federação e vamos pedir uma audiência à APAF», garante o dirigente do U. Lamas. «Temos um vídeo com imagens de todo o jogo e vamos usá-lo como prova». O presidente revela também ter recebido um telefonema anónimo, no dia do jogo, «na sede do clube», que avisava o clube para ter «cuidado com o árbitro», citou Américo Reis. «Em 45 minutos o árbitro conseguiu expulsar cinco jogadores. Não houve futebol violento, não houve entradas viris, não houve falta de educação e não dá para entender o comportamento da equipa de arbitragem».