A experiência do Belenenses e a maior organização sobre um Vitória de Guimarães muito desconexo deu à equipa de Petit o triunfo no arranque da Liga. O Belenenses entra a ganhar no campeonato (0-1), saindo do D. Afonso Henriques com três saborosos pontos num jogo em que venceu com um golo apontado por Cafú Phete na sequência de um pontapé de canto.

Estreia aziaga de Tiago Mendes enquanto técnico, o jogo não teve o sabor que o técnico desejaria, assim como os indicadores da exibição não terão agradado ao treinador, que mesmo com sete caras novas no onze e no meio de uma revolução esperaria mais do seu conjunto.

Alheio a isso, o Belenenses foi uma equipa coesa e compacta, preparou-se para as vicissitudes do jogo e soube aproveitar o futebol incapaz do adversário para conseguir um triunfo motivador. A primeira mostra do V. Guimarães na presente temporada deixou a desejar, revelou uma equipa pouco acutilante e sem criatividade com bola.

Em ritmo de pré-época

Faltou friozinho na barriga no típico arranque de campeonato. Falou a propalada vontade de entrar a ganhar; enfim, o simbolismo do arranque de uma nova época. Faltaram os adeptos nas bancadas, já se sabia, mas isso até já nem é novo, nem pode servir de atenuante para a entrada desgarrada de Vitória e Belenenses na temporada 2020/2021.

Entre a falta de criatividade do Vitória e a primazia organizacional do Belenenses, o início do jogo foi desgarrado de parte a parte. Com um treinador estreante, Tiago Mendes, e muitas caras novas no onze, esta é claramente uma equipa em construção. Em fase atrasada de construção.

Com menos novidades em relação à época passada mas sem grande parte das referências, Petit montou um conjunto compacto e organizado a jogar na espreita face a um V. Guimarães imprevisível. Mesmo preparado para ser um Belenenses mais na expetativa, com simplicidade a experiência da equipa de Petit controlou o jogo e, de quando em vez, conseguiu cruzamentos venenosos a por em sentido a equipa da casa.

Os lances ofensivos do V. Guimarães saíam de forma avulsa e pouca articulada. Janvier foi dos que mais tentou, armando o remate em três ocasiões. No meio destas tentativas, a realidade é que os dois guarda-redes chegaram ao intervalo sem efetuar qualquer defesa digna de registo.

Bola parada define em nem Quaresma deu a volta

Se a primeira metade foi sensaborona, a realidade é que a segunda precisou de pouco tempo para mexer. Com uma bola parada o Belenenses abriu o ativo e amarrou os três pontos por intermédio de um jogador que já passou pela Cidade Berço. Cafú Phete soltou-se das amarras defensivas e encostou de forma pouco ortodoxa para o fundo das redes.

Se a maior experiência do Belenenses já se fazia sentir, a meias com uma inoperância sofrível do Vitória, essa experiência fez ainda mais sentido com a equipa de Petit em vantagem. O ritmo de jogo, que já de si não vinha a ser nada de especial, decresceu ainda mais, revelando uma incapacidade gritante da equipa da casa em ser ousada ofensivamente.

Conseguiu, nos derradeiros instantes, criai alguns lances de frisson, quase sempre à boleia dos cruzamentos de Quaresma. Nome mais sonante da equipa, o internacional português colocou várias bolas perigosas na área, mas não conseguiu disfarçar a falta de argumentos coletivos do V. Guimarães.

Após a revolução operada no Vitória para esta temporada o jogo da primeira jornada acaba por ser um baixar considerável da fasquia no que às expetativas diz respeito. Em sentido inverso, mesmo sem deslumbrar, o Belenenses demonstra ser uma equipa muito mais familiarizada com aquilo que é o campeonato português. Entra a vencer num terreno tradicionalmente difícil.