O auditor do Relatório e Contas 2020/21 do FC Porto apresenta reservas relativamente a um ponto concreto do documento, que aponta para as transferências de jogadores com o Vitória de Guimarães.

No relato sobre a auditoria, o Revisor Oficial de Contas (ROC), Rui Manuel Cunha Vieira, da Ernst & Young, refere que «na sequência de transações separadas de aquisição e alienação de “passes” desportivos de jogadores com a mesma contraparte», o FC Porto registou «mais valias no montante de 14,1 milhões de euros (apresentadas na rubrica de “Proveitos com transações de passes de jogadores”) e ativos intangíveis no mesmo montante».

Sublinhe-se que 14,1 milhões é, precisamente, o montante da operação dos dragões com os vimaranenses: Romain Correia e João Mendes mudaram-se para o Dragão, Francisco Ribeiro e Rafa Pereira para Guimarães. Os dragões pagaram aquele montante pela dupla e referem que as mais-valias geradas pela dupla que saiu foi de 10.344.300 milhões no caso de Francisco Ribero e de 3.756.375 no caso de Rafa Pereira.

Assim, após aquela afirmação, o ROC indica:

«Não obtivemos a evidência de auditoria suficiente que nos permita concluir sobre a adequada valorização destas transações e consequente impacto nas demonstrações financeiras.»

Tal como explicado pelo Maisfutebol, estes negócios entre FC Porto e Vitória de Guimarães tiveram, desde logo, um impacto contabilístico: os jogadores que saíram tinham "valor zero", por serem da formação, e os reforços assumem o valor pelo qual foram contratados, aumentando o ativo do clube.

Para além desta «opinião com reservas», o ROC aponta para a «incerteza material relacionado com a continuidade», algo que já vem do exercício anterior e que se explica pelos saldos negativos do FC Porto, apesar do resultado do exercício 2020/21 ter sido o melhor de sempre.

«O capital próprio encontra-se negativo e o passivo corrente é bastante superior ao ativo corrente. Estas condições indicam que existe uma incerteza material que pode colocar dúvidas significativas sobre a capacidade do Grupo em se manter em continuidade», escreve o ROC.

Na conclusão deste ponto, porém, o auditor sublinha que a previsão da manutenção dos apoios financeiros ao clube dá margem para a crença na sustentação ao projeto.

«As demonstrações financeiras consolidadas foram elaboradas no pressuposto da continuidade das operações, prevendo-se a manutenção do apoio financeiro das instituições financeiras e outras entidades financiadoras, nomeadamente através da renovação e/ou reforço das linhas de crédito existentes, bem como o sucesso futuro das operações de alienação de direitos de inscrição desportiva de jogadores», concluiu.

Imagem do Relatório e Contas do FC Porto 2020/21.