A Câmara Municipal de Setúbal vai na terça-feira mudar as fechaduras do Estádio do Bonfim, casa do Vitória de Setúbal, cujos direitos de superfície o município adquiriu pelo preço de um milhão e quinhentos mil euros, avança a agência Lusa.

«Encontra-se agendada para o próximo dia 24 de novembro, a partir das 14:00, visita técnica das instalações acompanhada por membros do executivo camarário e funcionários para mudar as fechaduras. Após este levantamento do estado em que se encontram as instalações e tomada de posse das mesmas, será regulado o uso do imóvel», lê-se na carta enviada ao presidente da direção do clube, Paulo Rodrigues.

O documento, a que a agência Lusa teve acesso, assinado por Maria das Dores Meira, presidente da edilidade, refere que na ocasião será feita a vistoria e efetivada a tomada de posse do estádio e demais edificações.

«Sendo o município de Setúbal o superficiário e proprietário de todas as edificações acima do solo por um período de 90 anos, que ainda não se iniciou, impõe-se ao município, através dos seus serviços e órgãos, não só vistoriar o local como tomar posse das instalações, destinar e organizar a utilização do espaço», refere a nota.

Maria das Dores Meira confirmou à Lusa a visita ao Estádio do Bonfim na terça-feira e explicou as implicações da ação.

«Assumimos um património durante 90 anos, vamos ver como está e mudar as chaves da fechadura. Esta tomada de posição também é simbólica, para as pessoas perceberem que hoje o estádio não é do Vitória, é da Câmara, e sendo do município é de toda a cidade e também do Vitória», frisou.

A presidente da Câmara Municipal de Setúbal disse que tem de haver um protocolo de gestão com o Vitória de Setúbal, clube presidido por Paulo Rodrigues.

«Não vamos dizer à direção para se pôr na rua. Não é isso que está em causa. Vamos dizer que está aqui outra chave para trabalharem, foram eleitos pelos sócios e têm de trabalhar até os sócios quererem. São os sócios os donos do Vitória e não esta direção ou outra qualquer, sendo certo que a direção pode governar, não nos vamos meter na vida da direção», disse.

O prédio urbano, localizado no Bonfim, é composto por complexo desportivo, que integra o estádio para a prática de futebol, com bancada, edifícios para Bingo, bilheteiras e casa de habitação do guarda.

Entretanto, a direção do Vitória reagiu a esta decisão e lembrou que a Câmara Municipal de Setúbal (CMS) detém 40 por cento do capital social da SAD.

«Já se percebeu que a vontade do executivo presidido pela senhora presidente era que outra lista tivesse ganho o ato eleitoral, mas isso são consequências da democracia e a voz do povo vitoriano é soberana no que aos destinos do Vitória diz respeito», pode ler-se no comunicado colocado na página do clube sadino.

A direção do clube frisa que «apenas tomou posse faz poucas semanas», enquanto «o executivo camarário presidido pela Sr.ª presidente está à frente da CMS desde 2006 e, desde esse momento, que por ação ou omissão e ainda que porventura cheia de boa vontade, a Sr.ª presidente Maria das Dores Meira fez parte das decisões que colocaram a SAD do VFC e o clube nesta situação».

O comunicado refere ainda que «pelo menos desde 2008 (ou seja dois anos após a tomada de posse da atual presidente da CMS) que a SAD do VFC acumula prejuízos atrás de prejuízos, milhões atrás de milhões, chegando ao ridículo número de valor acumulado de quase 50.000.000,00€ (cinquenta milhões de euros), arrastando o clube para a difícil situação em que se encontra e para a sua pré-falência».