A 20 de Fevereiro deste ano, o Maisfutebol contactou Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato de Jogadores, a propósito do caso Webster e o responsável reconheceu já ter sido contactado por jogadores para esclarecimentos. Aqui ficam as declarações:
A decisão do Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) sobre o «Caso Webster» não preocupa Joaquim Evangelista. O presidente do Sindicato dos Jogadores confirma que já foi contactado por alguns jogadores para esclarecimentos, mas garante que os clubes e a FIFA ainda continuam a manter os jogadores aprisionados. «Isto apesar das pequenas vitórias que se tem conseguido», acrescenta.
«Haverá alguns casos em Portugal. Não haverá muitos porque os jogadores não estão à espera de encontrar lacunas na lei. A tendência será para cumprir os contratos. Já houve jogadores que nos ligaram para que os esclarecêssemos e fazem bem. Na Liga pode haver alguns casos, mas serão excepção e não regra. De qualquer forma, o efeito útil do artigo só será visível no final da temporada. A rescisão só pode ser feita até 15 dias depois do último jogo da época. Nessa altura é que se vai ver se há ou não efeito Webster», revela o dirigente ao Maisfutebol.
Evangelista recorda ainda que «um futebolista de 25 anos que assine por cinco temporadas está obrigado a ficar nesse mesmo clube até aos 28 anos», algo que «acontece em mais nenhuma profissão e prejudica o jogador, que está aprisionado ao seu contrato». O responsável manifesta ainda alguma estranheza com as reacções surgidas depois da decisão do TAS: «Este regulamento é de 2001. A estranheza que surge agora dos agentes do futebol não é legítima. Vigora desde 2001 e foi negociado pela FIFA e pela FIFpro, em concordância com a União Europeia. Existe ainda um carácter de igualdade, é idêntico para o clube e para o jogador. O valor de indemnização é para ambos o que teria o futebolista de receber até final do contrato.»
«Formação já está protegida»
O presidente do Sindicato nega qualquer visão catastrófica sobre o futuro das transferências. «O que acontece é que os clubes, a FIFA e a UEFA têm um poder enorme sobre os jogadores e quando acontecem estas pequenas vitórias como o caso Bosman, o Zé Tó e o Webster sentem-se beliscados. Não aqui nenhuma visão catastrófica, este caso não terá a dimensão do Caso Bosman. E os clubes são habilidosos, e apesar de já existir uma relação desequilibrada entre as partes podem sempre tentar contornar a situação», atirou Evangelista, que recusa ainda a ideia que a decisão do TAS signifique o fim da formação: «Já está protegida a nível nacional pela compensação pela formação e no plano internacional pela compensação pela formação até aos 23 anos. Isto vai ressarcir o investimento feito pelos clubes. Existe também uma contribuição de solidariedade durante a carreira, que diz, por exemplo, que a Juventus quando contrata o Tiago tem de entregar cinco por cento do valor que paga por ele a todos os clubes onde foi formado.»