2004 foi também (ufff¿) ano de Jogos Olímpicos. Em Agosto, a Grécia prolongou a euforia da conquista do título europeu de futebol com a maior festa do desporto mundial. Nesse imenso espectáculo que foi Atenas 2004, Portugal teve razões para sorrir, numa das melhores participações de sempre.
Começou logo em beleza, com a surpreendente prata de Sérgio Paulinho no ciclismo. Depois foi o atletismo, tradicional palco das esperanças lusas. Reforçadas com Francis Obikwelu, nigeriano de nascimento que chegou um dia a Portugal para trabalhar nas obras e adoptou as cores lusas, levando-as até ao segundo lugar do pódio e à medalha de prata na final por excelência, a dos 100 metros. O bronze de Rui Silva nos 1500m coroou uma presença portuguesa claramente positiva, reforçada ainda por mais nove classificações até ao oitavo lugar, com direito a lugar de honra. Uma presença que nem o fiasco da muito cotada selecção de futebol conseguiu apagar.
Do judo à vela, passando por excelentes prestações em modalidades tão diversas como o triatlo, a ginástica ou a canoagem, Portugal conseguiu em Atenas uma participação acima das expectativas. A tentação é dizer que foi enganadora, se nos lembrarmos de todos os problemas que atravessam as modalidades amadoras em Portugal, onde o andebol, outrora exemplo de organização, está de pantanas, o atletismo vai perdendo pistas ao ritmo da construção de novos e modernos estádios e a dedicação a tempo inteiro a um desporto é uma luta constante por apoios e condições.
Voltando a Atenas, os Jogos consagraram mitos e viram cair estrelas. Michael Phelps brilhou na piscina, ao levar oito medalhas para os Estados Unidos, ainda que tenha falhado o objectivo de igualar ou superar o mítico Mark Spitz e as suas sete medalhas de ouro.
E Atenas não ficou também imune ao escândalo do doping, num ano marcado também por revelações sucessivas de estrelas com pés de barro. Os velocistas Kostas Kenteris e Ekaterini Thanou, estrelas maiores da anfitriã Grécia, nem chegaram a subir à pista, porque falharam um controlo anti-doping e foram suspensos. Não estão sozinhos, numa lista de acusações que aumenta a cada dia, enchendo-se de nomes ilustres, como os de Marion Jones ou Carl Lewis.
2004 foi também o ano da consagração de Lance Armstrong, que se tornou no primeiro homem a vencer seis vezes a Volta a França, todas seguidas e numa proeza inédita em que teve a ajuda preciosa do português José Azevedo. E de Michael Schumacher, que passeou até ao seu sétimo título na Fórmula 1. Foi também o ano da morte de Marco Pantani, o «Pirata» do ciclismo, só e desencantado, vítima de overdose de cocaína.
Em Portugal, destaque ainda para o sucesso da selecção de râguebi, que venceu o Torneio das Seis Nações B, para se tornar na sétima melhor da Europa, atrás apenas das tradicionais potências da modalidade. Mais uma fuga à mediania do desporto nacional.
Da excepção à regra, nas principais modalidades colectivas imperou a monotonia a nível interno ¿ o F.C. Porto estendeu o sucesso do futebol ao basquetebol, andebol e hóquei em patins, onde conquistou os títulos nacionais de um ano muito azul.