«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.

Manuel Fernandes conseguiu aquilo em que já nem o próprio acreditava: voltou a jogar pela Seleção, cinco anos depois, e fez duas exibições que alimentaram o debate em torno da possível convocatória para o Mundial2018.

As aspirações são legítimas, não só tendo em conta o rendimento recente do médio no Lokomotiv de Moscovo, mas também a condição atual de André Gomes, Adrien, Renato Sanches ou Pizzi.

Manuel Fernandes pode ainda conseguir um lugar na convocatória final. Já não vai é a tempo de fazer-me mudar de opinião. De convencer-me que a carreira dele não podia ter ido mais além do que foi.

É certo que ainda tem 31 anos - na altura do Mundial terá 32 -, mas a expectativa era demasiado alta para o balanço entre o que já lá vai e o que está para vir.

Isto não é pretexto para uma crítica, até porque o próprio assume responsabilidades no rumo que a carreira levou. É antes a inquietante memória daquilo que prometeu um jogador que acompanhei na formação e que até tive oportunidade de defrontar naquele que (se não me falha a memória) foi o seu último jogo pelo Benfica B antes da estreia pela equipa principal.

Um médio com uma combinação rara entre potência e técnica. Um poço de força, naquela postura “quinze-para-as-três” que lhe permite proteger a bola como poucos e entregá-la com a firmeza de quem tem duas raquetas nos pés.

Altivez no desarme, vigor no passe, poder na meia-distância. Um perfil tão completo que a carreira parece incompleta.

Manuel Fernandes andou pelos dois principais campeonatos europeus. Representou grandes clubes, como Benfica, Everton, Valência, Besiktas ou Lokomotiv. Tem construído uma carreira de fazer inveja a muitos, mas poucos são aqueles que não pensam que podia ter sido ainda mais.

A começar pelo próprio.