A primeira substituição em dez meses, registada no empate a uma bola com o Belenenses, da 6ª jornada da Liga, vem apenas confirmar aquilo que só tinha escapado aos mais desatentos: Nemanja Matic está longe do extraordinário rendimento exibido na época passada. Por muito que se possa fazer uma leitura estratégica da opção de Jorge Jesus, no passado domingo, teremos sempre de olhá-la também como um sinal da quebra de rendimento do sérvio.

A diferença de andamento é visível desde o início da época, mas seria de esperar que a posterior entrada de Fejsa no «onze» libertasse Matic. Literalmente. Não aconteceu. Se em 2012/13 o antigo médio do Chelsea parecia estar em todo o lado, nos últimos jogos parece escondido. O raio de influência, por estranho que pareça, mostra-se agora mais reduzido.

O que mais impressionava no Matic da última época era a amplitude de movimentos. Parecia que ao sérvio bastava dar um passo para o lado e estar na linha, dar um passo em frente e estar a pressionar o adversário logo à saída da sua zona defensiva. Com alguns riscos associados, refira-se. O camisola 21 do Benfica nunca foi um «trinco», uma referência mais fixa para dar segurança aos centrais e compensar a subida dos laterais. Aparecia frequentemente em zonas adiantadas do terreno, a pressionar o adversário logo à saída da defesa. E se era batido lá estava o buraco entre o meio-campo e a defesa, para ser explorado.

A entrada de Fejsa no «onze» parecia, por isso, uma oportunidade para libertar Matic. Terá sido essa a ideia dos responsáveis do Benfica ao contratá-lo, e quando o ex-Olympiakos apareceu no «onze». Matic podia manter um raio de ação muito alargado, sem estar preocupado com o equilíbrio da equipa. Podia pressionar os adversários logo à saída da zona defensiva, sem ficar a pensar no espaço para os centrais. Podia participar na construção dos ataques sem receios.

Embora seja natural pensar que não se deve mexer no que está bem, a verdade é que o plano fazia sentido. Mas não tem resultado. O raio de ação de Matic não aumentou, não voltou aos níveis da época passada. Continua reduzido, desde o início da época.

Talvez Matic esteja a sentir dificuldades para mudar o «chip» que o guiava desde a saída de Javi García, com sucesso, mas já no início desta época, antes mesmo de Fejsa chegar, se notava diferença no rendimento. Pode ser uma mera quebra, perfeitamente natural, mas é indiscutível que o Benfica tem sentido falta do «velho Matic». Com Enzo e Markovic nas alas, como aconteceu nos últimos jogos, seria de esperar que o Benfica pressionasse muito os adversários logo à saída da defesa. E se isso não foi muito visível foi sobretudo pelo comportamento discreto de Matic. E na construção de jogo, com Djuricic no banco, seria também de esperar maior protagonismo do 21, o que não aconteceu. A equipa ressentiu-se, nesta e noutras ocasiões, mas desta vez Matic foi mesmo substituído. Seria de todo injusto rotular já o sérvio de descartável, mas é um facto que a sua influência tem sido bem menor nestas primeiras jornadas de 2013/14.

P.S. (para seguir): Depois de ter sido uma das figuras da conquista do título nacional de Juniores em 2012/13,
Bernardo Silva já começa a conquistar o seu espaço na equipa B do Benfica. A comprovar isso estão os golos marcados nos dois últimos jogos (Sp. Braga e Moreirense), curiosamente no mesmo minuto (51). Médio ofensivo de apenas 19 anos, com capacidade para jogar como «10», segundo avançado ou mesmo a partir das alas, tem um pé esquerdo capaz de decidir jogos. Muito evoluído tecnicamente.