No início desta semana, o Maisfutebol/FutebolBrasil relatou a história do jogador que surpreendeu o treinador do Hannover96. França, médio brasileiro, foi apresentado pelo clube como tendo 1,90 metros. Contudo, o técnico Mirko Slomka percebeu pouco depois que havia por ali um enorme equívoco.

«Com 1,90 metros e 88 quilos, França tem alguns atributos físicos que pode usar no relvado. É um jogador robusto, que poderá deixar aqui a sua marca», anunciou Jorg Schmadtke, o diretor desportivo do Hannover. Pouco depois, ao ver o jogador, Mirko Slomka interrogou-se sobre a sua altura.

Afinal, França não tem 190 centímetros. Passou a ser o jogador que perdeu nove centímetros, embora os números não batam certo. Terá perto de 1,83 metros. «Que posso eu dizer? Estou surpreendido», dizsse Slomka ao jornal Bild: «Um dos critérios era ter atenção ao tamanho do jogador...»

«Isto não vai voltar a acontecer. A observação pessoal e as entrevistas terão de ser um padrão para as transferências. Faremos as coisas de forma diferente. Tanto o Schmadtke como o Slomka terão de ter visto os vídeos dos jogadores e ambos terão de dizer: é isto», reagiu, dias mais tarde, o presidente do Hannover (Martin Kind).

«Foi a primeira vez que vi medirem um jogador»

Os dados apontam para um equívoco do diretor desportivo do Hannover, aparentemente o grande responsável pela transferência de França, entre o Criciúma e o clube alemão.

No meio desta história, o Maisfutebol/FutebolBrasil descobriu um nome familiar: Marcelo Lipatín. O antigo avançado de clubes como Marítimo, Nacional e Trofense encerrou a carreira e dedicou-se à representação de atletas. E foi ele quem acompanhou França neste estranho processo.

«Isto foi assim: no domingo, 6 de janeiro, recebi um telefonema do investidor que tem 90 por cento do passe do França a falar da possibilidade Hannover. Na segunda, recebemos o contrato. Seguiram-se os formalismos e na quinta-feira, estávamos a embarcar para a Alemanha. Seguiram-se exames, assinaturas, tudo normal. Fui procurado pelo clube, nunca procurei ninguém», começa por relatar.

Marcelo Lipatín evita a polémica mas descarta responsabilidades. «Acredito que foi um mal entendido, algo que foi mal passado a nível interno, no clube. Nunca me perguntaram a altura do jogador e, aliás, eu nunca o medi. A primeira vez que vi medirem um jogador foi quando o treinador o viu e pediu para o fazerem», explica o representante.

Vídeos podem ter criado a ilusão

As declarações dos responsáveis do Hannover apontam num sentido: França foi observado unicamente em vídeo. E esse pormenor terá feito toda a diferença.

«Claro que vendo o França num jogo no Brasil, ele é o mais alto ou dos mais altos em campo. Agora, chegando à Alemanha, um país onde todos têm grande estatura, a impressão é outra. Sinceramente, fiquei surpreendido com a forma como o treinador falou, mas penso que tudo foi ultrapassado. França assinou até 2016».

Marcelo Lipatín acredita que França, médio de 21 anos, terá futuro na Bundesliga. «Tenho a certeza que ele vai ser destaque no Hannover. A altura é um pormenor, o França sempre se destacou pela sua força e a sua técnica», conclui.

Antigo avançado, agora empresário, Lipatín aproveita a oportunidade para lembrar as saudades que tem de Portugal.

«Fui muito feliz aí e represento jogadores como o Marcelo Toscano. Tenho muitas ligações mas recordo sobretudo a passagem pelo Nacional da Madeira. Lembro-me com saudade do presidente, do Patacas, do mister Manuel Machado. Muito boa gente», remata, em conversa com o Maisfutebol/FutebolBrasil.