Fernando Mendes, antigo líder da claque Juventude Leonina e arguido no julgamento da invasão à academia de Alcochete, recordou esta sexta-feira em tribunal os acontecimentos na semana do ataque ao complexo do Sporting.

O adepto dos leões começou por lembrar o episódio tenso com vários jogadores no aeroporto da Madeira, na noite da derrota com o Marítimo que afastou o Sporting da luta pelo segundo lugar. «Fui falar com o Jorge Jesus e o Acuña meteu-se e chamou-me filho da p***. Eu disse-lhe 'filho da p*** és tu.»

Fernando Mendes relatou a confusão que se gerou a partir daí e a conversa que manteve com o então treinador do Sporting no meio da confusão. «Ele pegou-me pelo braço e disse-me para ter cuidado, que estavam a filmar e a tirar fotos. Eu disse-lhe que aquilo não podia acontecer e que ele devia dar uma reprimenda ao jogador. Jorge Jesus disse-me: 'Falamos em nossa casa'.»

O ex-líder da JuveLeo garante ter respondido a Jorge Jesus que terça-feira iria a Alcochete e que Jorge Jesus anuiu, versão que não vai ao encontro da do técnico.

Fernando Mendes recordou depois o dia 15 de maio de 2018, no qual foram agredidos vários jogadores e elementos da equipa técnica, entre os quais Jorge Jesus.

O arguido garantiu que não estava a par do plano do ataque. «Fomos para a academia. Vi que estavam muitos carros estacionados e comecei a caminhar em direção da academia. Apercebi-me que ia gente a correr bem à frente. Não liguei, porque pensei: 'Vão a correr para quê, se quando chegarem à porta têm de se identificar?' Entrei de cara destapada: 'Quem não deve não teme'.»

Já dentro da academia, Fernando Mendes cruzou-se com Jesus, que lhe terá feito um apelo em tom desesperado. «Ele veio em direção a mim e disse-me: 'Fernando, ajuda-me. Salva-me'.»

Nessa altura, garantiu, Jorge Jesus já apresentava lesões na cara. «Eu disse-lhe que não tinha nada a ver com aquilo. O Jorge Jesus ficou com a cabeça no meu ombro. Eu dizia-lhe: 'Calma, mister.' Ele estava extremamente nervoso», recordou.