Depois do Almanaque do Benfica e da Selecção Nacional, chega às bancas o Almanaque do Sporting. Um livro que está para lá de ser um simples resumo de contos leoninos, mas que compila antes toda a história vivida de verde e branco, sob o signo do leão, de 1906 a 2005.
Resultados, jogadores, treinadores, presidentes a partir da fundação até aos nossos dias. Tudo num livro apenas. Já disponível nas bancas do Estádio José Alvalade, o livro é da autoria de Rui Tovar, Rui Miguel Tovar e João Bruno Mendonça.
«Apostámos num figurino de livro que é estatístico», começou por descrever Rui Tovar ao Maisfutebol. «É virado para a informação estatística, com o maior rigor possível. E fico irritado quando não conseguir colocar tudo o que quero. Ou quando há falhas...», lamentou o autor, jornalista, que aproveita para detectar humildemente um erro para contar uma recordação. «Na final da Taça das Taças, em 64, o Sporting com o MTK. Tinha 15 anos, o jogo foi dado com muitas intermitências. Tal como foi o Benfica-Barcelona de 71 também não foi passado na íntegra porque a segunda parte não foi transmitida. Lembro-me que apareceu o Fialho Gouveia no estúdio a dizer que o Benfica tinha aumentado para 3-1. Ele é que anunciou porque não vimos. Mas do Sporting-MTK nunca houve o filme na íntegra. Depois vieram as imagens e estavam os jogadores do MTK a festejar novamente, o terceiro golo. Parecia o replay, que naquela altura era uma coisa nova. Quem estava a festejar era o Sandor, o número 10, e no livro o golo é lhe atribuído, mas não foi assim. Quem marcou foi o Kuti e eu sabia que tinha sido assim, mas passou...Mas neste, como nos outros, temos as últimas páginas onde o leitor pode preencher e rectificar os erros que possamos ter.»
O início da pesquisa
Mas nem só desta história se lembra Rui Tovar, o jornalista que entrava em casa pelo som da televisão na década de oitenta na narração de jogos. «Olho para um jogo e penso que naquele dia estava em determinado sítio, mal disposto ou bem disposto. Desperta-me emoções. Tirando os jogos muito antigos, que não vi. Comecei a ler jornais muito novo, com 5 ou 6 anos, a acompanhar o que se passava», contou. «Não havia relatos de futebol em simultâneo. Lia a segunda edição do Diário Popular de domingo. Saía por volta das 7 ou 8 horas da tarde. Quando ele chegava a casa com o jornal, eu já estava deitado. De manhã, antes de ir para a escola, ia ao quarto do meu pai, que era um quarto imenso, com uma antecâmara, ia lá pé ante pé e agarrava no jornal. A primeira página era quase toda resultados. O desenvolvimento era nas centrais. Foi uma leitura obrigatória antes de ir para a história, para depois comentar na escola.»
«Olhando para o Almanaque lembro-me dos 5-0 ao Manchester, em que fiquei no peão», continua, já noutro capítulo. «Não havia bilhetes para a bancada e fiquei de pé. Aquilo ameaçava chuva. E de cada vez que o Sporting marcava eu levava com um chapéu-de-chuva na cabeça. Levei seis vezes com eles. Foram cinco golos, mas levei seis vezes, porque o Mascarenhas marcou um golo que foi anulado quando havia 2-0 e levei dessa vez também. Mas foi uma noite espectacular», relatou.
O Almanaque como ferramenta de trabalho
Mas o livro que acaba de lançar é mais do que meras histórias de vivência futebolística. É todo o historial do Sporting em números e letras. «Lá fora, no estrangeiro, existe os anuários de informação muito rigorosos, mas aqui não há esse hábito», lamentou. «Este é um livro para funcionar como ponto de partida para um trabalho de maior fôlego. É uma ferramenta que visa contribuir para que possamos amanhã ter um documento sobre a realidade de um clube o mais aproximado possível da verdade.»
A apresentação oficial do livro foi adiada devido aos compromissos da equipa do Sporting e devido às férias, mas o Almanaque já foi posto à venda em Alvalade e destina-se ao público em geral.