Há quase cinco anos ao comando da selecção angolana, quando outros não resistem mais que um, Oliveira Gonçalves sente-se um treinador privilegiado, pois não só conhece bem o futebol do seu país, como esteve à frente de várias formações jovens, caso dos sub-20, que, em 2001, terminaram no primeiro lugar do grupo (D), no Campeonato do Mundo, que decorreu na Argentina e foi ganho pela equipa da casa. «Trabalhei com todos os escalões desde 1999, sub-15, sub-17, sub-18 e sub-23», reforçou o seleccionador, apesar de, então, os sub-20 terem sido eliminados no jogo seguinte pela Noruega.
esperanças que ainda acompanham Oliveira Gonçalves, como acontece com Lama (guarda-redes do Petro de Luanda), Gilberto (médio do Al-Ahly) e Mendonça (avançado emprestado pelo Belenenses ao E. Amadora). «Alguns desses jogadores jovens fazem parte desta equipa, por isso conheço-os há muito tempo», lembrou.
Quando a união faz a força
Quando não conhece, há quem contribua para a tarefa, como as representações diplomáticas de Angola espalhadas pela Europa, que funcionam como importante fonte de informação, explicou o técnico, que já viajou pelo velho continente à procura de talentos. «É um esforço de equipa, com todos a disponibilizarem-se para ajudar o futebol e a selecção do seu país», defendeu. «Por exemplo, a embaixada de Angola em Inglaterra alerta-nos para determinado jogador e nós vamos até lá observá-lo.»
A histórica qualificação de Angola para o Campeonato do Mundo de 2006, na Alemanha, foi, contudo, o ponto de viragem na percepção que os demais têm do país. O seleccionador recordou, a propósito, um episódio curioso. «Uma vez partilhei o quarto com um soviético e disse-lhe que Angola era um dos estados dos EUA e ele acreditou! E pelo facto de falar português, muitos pensam que sou português e não angolano. Agora, especialmente depois da participação de Angola no Mundial, todos sabem onde fica.»