Mais prolongamento, menos prolongamento, o FC Porto haveria de resgatar esta taça.

Estava mais ou menos escrito a partir do momento em que o Sporting errou uma, duas, três vezes. Foram tantos os enganos, as falhas, os disparates leoninos que a final da Taça não foi bem um passeio, mas foi uma festa: foi como andar nos carrinhos do Senhor de Matosinhos, perna à banda e sorriso de quem manda.

Mas vamos por partes.

Antes de mais é preciso dizer que o Sporting não entrou mal no jogo. É verdade que a primeira grande oportunidade foi do FC Porto, também porque Diogo Pinto demorou uma eternidade a sair da baliza e depois teve de compensar com uma grande defesa.

Mas, bem vistas as coisas, o Sporting não tinha entrado mal e até abriu o marcador, quando St. Juste fugiu a Otávio para cabecear para o fundo da baliza.

O golo tranquilizou a equipa, que teve ali uns minutos de total controlo sobre a partida. Até que, numa jogada completamente inofensiva, Geny Catamo dominou mal a bola e isolou Evanílson, que não perdoou. Estava feito o empate.

Pouco depois, Alan Varela lançou Galeno, St. Juste demorou a arrancar, Diogo Pinto não saiu outra vez da baliza e o central acabou por fazer falta: cartão vermelho indiscutível.

A partir daqui o jogo foi outro. Completamente.

Dois erros deixaram a equipa de Ruben Amorim completamente encostada às cordas, com uma hora para sofrer e nenhuma capacidade de esticar o jogo. Tanto assim que só voltou a criar perigo em bolas paradas: e é verdade que ainda foram umas duas ou três vezes.

O FC Porto, que tinha entrado em campo com a lição bem estudada, muito forte na pressão sobre a posse a primeira zona de construção do Sporting, a não deixar a bola chegar em condições aos médios, viu-se a partir daquele momento com muita estrada para andar.

E então continuou. E continuou. E continuou.

Continuou pela esquerda, pelo centro e pela direita, em ataque organizado e saídas rápidas, tentou de todas as formas, teve muita posse de bola e criou uma mão cheia de ocasiões de golo.

Com o tempo Ruben Amorim reforçou a retaguarda, retirou um a um todos os avançados menos Gyökeres, deixando o sueco isolado na frente. Ora ele é bom, mas calma. Não dá para tudo. Sobretudo quando está assim, sozinho, abandonado à sua sorte.

Também porque o Sporting não quis jogar, a final tornou-se algo monótona. Uma equipa a atacar muito, a outra a defender cada vez mais.

Até que, já no prolongamento, um outro erro acabou com a discussão. Diogo Pinto, que durante o jogo tinha sido não hesitante a sair da baliza, correu como um louco para socar uma bola lateral e acabou por acertar em Evanílson. Penálti e golo de Taremi.

O que nos devolve ao início: foram demasiados erros graves, não forçados, para o Sporting esperar algo mais desta final. Até porque do outro lado estava um FC Porto esfomeado, sedento e voraz. Veio para a festa, como se estivesse no Senhor de Matosinhos, perna à banda.

No fim levantou a Taça e chorou: chorou Sérgio Conceição e chorou Pinto da Costa. Para o segundo foi o ponto final, para o primeiro provavelmente também. Vêm aí novos tempos, mas para já o que fica são estes, a saber a antigos: um regresso à infância do grande Porto.