Uma das maiores vergonhas do futebol português é a tendência, de anos, para pagar tarde e às vezes nunca.
Época após época sucedem-se as notícias de clubes que mantêm plantéis com salários em atraso.
Há de tudo. Presidentes que dão a cara, presidentes com azar, presidentes que não sabem fazer as contas e presidentes que conhecem bem o que pode suceder se não pagarem aos jogadores: nada. Exatamente, nada.
Esta é, obviamente, a razão que explica a alegre continuação desta vergonha. Os clubes assinam contratos com jogadores, de livre vontade, e depois, muitos deles, simplesmente deixam de cumprir.
Isto sucede, essencialmente, por duas razões:
1. Quando cumprem os procedimentos necessários para a inscrição nos campeonatos profissionais, a Liga não é capaz de fazer uma avaliação correta da capacidade do clube para cumprir os pressupostos financeiros.
2. Depois, durante a época, quem não cumpre nunca sofre qualquer penalização. Quem olhar com atenção para os regulamentos percebe que lá são ditas algumas coisas sobre salários em atraso. Mas dizer é muito diferente de fazer. Por isso nunca nada sucedeu a quem não pagou.
Quando uma nova época sugre, os clubes encontram sempre maneira de conseguir que os jogadores assinem um documento a dizer que tudo está em dia. Como o conseguem é algo que merecia ser investigado.
É evidente que os clubes não são penalizados porque são os clubes que fazem os regulmentos. E assim estamos.
Além da óbvia má propaganda para o futebol e dos problemas que causam aos jogadores, os clubes devedores acabam por beneficiar desse facto para construir melhores plantéis e assim prejudicar os que cumprem.
Nesta matéria, a UEFA tem sido um mau exemplo. Há alguns anos que o organismo que tutela o futebol europeu ameaça impor mecanismos que impeçam os clubes de acumular dívidas. Mas pelo menos eu ainda não percebi como isso funcionará, nem exatamente quando. Tendo em conta as notícias sobre o colossal passivo do Barcelona, aposto que nunca.