Luís Guilherme, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga, defende que não pode deixar de nomear qualquer juiz, numa altura em que é conhecido o envolvimento de mais árbitros de primeira categoria na acusação do processo Apito Dourado. O dirigente considera que «até prova em contrário todos são inocentes» e lembra que não há ainda acusação formal, mas admite que a questão do Apito Dourado é tida em conta na gestão das nomeações.
O jornal Correio da Manhã revela esta sexta-feira que o processo terá 171 arguidos e a acusação será deduzida nos próximos dias pela procuradoria de Gondomar, acrescentando ainda os nomes dos árbitros João Vilas Boas, Carlos Xistra e Cosme Machado como arguidos.
Luís Guilherme começa por lembrar que ainda não há acusação formal. «Enquanto a acusação não sair continuamos a não ter conhecimento de nada», afirma, comentando depois a questão de ser ou não tida em conta esta situação nas nomeações dos árbitros.
«Não temos mecanismos nenhuns para deixar de nomear árbitros. Não posso, em termos regulamentares, deixar de nomear ninguém. Só se o juiz avançar com alguma medida de coacção nesse sentido», afirma. «Depois de transitado em julgado é que poderá haver um processo na justiça desportiva. Se houver culpados, nesse caso a minha opinião é que não devem continuar ligados à actividade», prossegue.
Quanto à exposição pública dos juízes envolvidos e a uma eventual decisão de os poupar, Luís Guilherme admite que esse é um factor a ter em conta e que essa prática já é corrente. «É uma gestão que poderá ser feita, uma gestão de recursos humanos, como temos feito em muitos casos. As pessoas às vezes não se apercebem, mas isso tem sido feito. Desde que decorre o processo, se estiverem atentos percebem isso», afirma, aproveitando a situação como um argumento a favor das nomeações por oposição ao sorteio: «As nomeações são importantes precisamente porque permitem fazer gestão de recursos humanos.»
Luís Guilherme defende ainda que o eventual afastamento dos envolvidos «é uma situação que dirá muito mais respeito aos eventuais visados». «Terão que ser as próprias pessoas que terão que avaliar a sua situação», afirma, sem tomar posição sobre este assunto e dando um exemplo: «Até prova em contrário as pessoas são todas inocentes. Se um jornalista for acusado de um crime, normalmente não suspende as suas funções.»
Dois dos três membros da Comissão de Arbitragem da Liga estão igualmente envolvidos. Júlio Mouco afastou-se, Mário Graça continua em funções. Luís Guilherme repete o mesmo argumento, pedindo celeridade na decisão quando questionado sobre as condições do organismo para continuar em funções: «O importante é que decidam com celeridade. Continuamos a aguardar, fazendo votos para que seja célere.»