Os quartos lugares conquistados em Atlanta e Sydney fazem recair nos ombros de Miguel Maia e João Brenha parte das esperanças portuguesas para os Jogos Olímpicos. Tem sido difícil chegar à medalha e este ano traz dificuldades acrescidas, mas a experiência e a tranquilidade são uma marca forte numa dupla que joga junta há já 20 anos.
A pedra no sapato da equipa portuguesa tem a ver com a falta de ritmo competitivo. João Brenha recupera de uma operação ao pé esquerdo que afastou a dupla do circuito mundial e reconhece que ainda não está a 100 por cento. «Sinto-mo bem, mas com dores que são normais. Fisicamente ainda não estou em pleno, mas estamos a 15 dias da competição e espero melhorar. Claro que esta não é a preparação ideal, é a possível», diz Brenha.
Para recuperar o tempo perdido, a dupla competiu na Áustria e vai ainda treinar com equipas internacionais em Atenas, mas é difícil fazer previsões quanto ao desempenho olímpico. «Tudo pode acontecer connosco. Pela experiência dos outros Jogos Olímpicos, há favoritos que ficam pelo caminho e não favoritos que sobem na classificação», frisa o atleta.
Por agora, João Brenha diz que a prioridade é «passar a fase de grupos». Depois disso, a receita é pensar jogo a jogo. Mas isto de ficar à porta do pódio duas vezes custa e Brenha não risca dos planos a luta por medalhas. «Era complicado em Sydney e em Atlanta. Agora também é, mas vai depender de variadíssimos factores. Temos muita vontade de chegar lá, mas também sabemos das dificuldades», afirma.
Principais trunfos para pisar o pódio? O treinador Francisco Fidalgo sabe bem dizer quais são. «Eles têm uma atitude peculiar, são muitos serenos. Além disso têm muita experiência e grande capacidade técnica, apesar de não terem o estatuto de outras duplas», sublinha o técnico.
Miguel Maia e João Brenha
Idade: 33 e 34 anos
Profissão: jogadores profissionais de voleibol
Modalidade: Voleibol de praia
Treinador: Francisco Fidalgo
Presenças olímpicas: Atlanta 1996 e Sydney 2000 (4º lugar em ambos)
Memórias Olímpicas:
«Atlanta foi a nossa primeira experiência. Fomos ultrapassando barreiras e vencendo duplas. Lembro-me do jogo da meia-final, em que estivemos a vencer por 12-9 e com várias bolas para fazer 13, o que nos colocaria na final e nos daria uma medalha. Senti-me frustrado e muito satisfeito ao mesmo tempo porque não éramos favoritos e fomos subindo passo a passo»
«Em Sydney, senti uma grande frustração por não termos ganho uma medalha. Já em Atlanta tinha pensado que seria a primeira e a última oportunidade para chegarmos lá. Em Sydney, voltámos a ter a oportunidade e não a agarrámos. Senti uma grande frustração.»
Qualificação para Atenas: Julho de 2004 (posição no ranking da Federação Internacional de Voleibol)
Objectivo para Atenas: passar a fase de grupos, para começar