Paulo Fonseca ainda não precisou de ver todos os vídeos e estudar todas as movimentações de Diego Costa, mas vai ter seguramente de fazê-lo para o jogo de Madrid: o avançado está castigado para o jogo do Dragão, numa punição que já vem da época anterior, mas apresenta-se como a grande referência do ataque do Atlético de Madrid para o resto dos jogos. 

Depois da saida de Falcao para o Mónaco, o brasileiro assumiu-se e é hoje um dos melhores marcadores dos campeonatos europeus, líder dos marcadores em Espanha ao lado de Messi, com oito golos em sete jogos, o último dos quais decidiu a favor do Atlético o dérbi com o Real Madrid.

Com fama de «bad boy», pela entrega total em campo e alguns episódios de troca de mimos com adversários, o ponta-de-lança de 24 anos (faz 25 dentro de uma semana) é constantemente assobiado em todos os estádios espanhóis, excluindo o Vicente Calderón. «Para mim não existe bola perdida», como disse numa entrevista recente. O facto de estar a marcar muitos golos não ajuda a convencer os rivais de que se trata de um jogador de eleição que tem vindo a crescer e que muito rapidamente vai começar a pisar outros palcos.

Diego nasceu na desconhecida localidade de Lagarto, no interior de Sergipe, nordeste do Brasil, mas pondera, por estes dias, aceitar o convite para representar a seleção espanhola. Há sete anos em Espanha, já tem dupla nacionalidade e tem vindo a ser cobiçado para assumir o ataque da formação orientada por Vicente del Bosque. Sem um número 9 em grande forma, a campeã do mundo precisa de uma referência e Diego poderá seguir as pisadas de outros avançados estrangeiros, como Di Stefano, Kubala, Puskas, entre outros. Não será o primeiro brasileiro a representar la roja, mas faltará a legitimidade que os capitães lhe poderão dar e isso ainda não é seguro.

Por outro lado, apesar de ter sido chamado por Scolari à seleção brasileira por duas vezes, para jogos particulares, Diego não sente ter o espaço para entrar num grupo muito fechado que já conta com Fred, Hulk, Neymar, Lucas e Jô. Apesar de ser mais cómodo optar pelo Brasil, o mais provável é vir a representar Espanha no Mundial de 2014.

«Inventado» por Jorge Mendes

Diego Costa renovou recentemente pelo Atlético de Madrid até 2018 e é hoje um dos jogadores mais bem pagos do Atlético Madrid. O clube quis responder desta forma à cobiça que tem vindo a surgir por parte de emblemas muito importantes, mas ganha consistência a ideia de que na próxima época deverá dar o salto para outras paragens.

O avançado é representado pelo português Jorge Mendes. Quem está dentro do processo diz que se trata de uma autêntica «invenção» do influente empresário, que o descobriu nos confins do Brasil e trouxe-o para Portugal, colocando-o depois num dos mais importantes clubes de Espanha. A persistência de Mendes levou-o a acreditar nas potencialidades do avançado e o resultado está aí. Perante as dúvidas de dirigentes e treinadores, disse sempre que se tratava de um jogador que valia a pena apostar. Poucos acreditavam que o brasileiro viria a ser um goleador temível.

Aos 15 anos jogava no modesto Ibiúna do campeonato paulista e foi contratado pelo Sp. Braga, por indicação de Jorge Mendes. Esteve um ano sem competir por problemas burocráticos, mas foi ganhando espaço. Em 2006 foi emprestado ao Penafiel, no ano seguinte jogou na equipa principal dos arsenalistas e foi vendido ao Atlético de Madrid.

Chega a Espanha aos 18 anos e sem espaço na equipa orientada por Javier Aguirre, que contava com Simão Sabrosa, Reyes, Forlan e Aguero para o ataque. Sucedem-se anos de empréstimo, para ganhar experiência, ao Celta de Vigo, Albacete, Valladolid e Rayo Vallecano, até que no ano passado Simeone não o deixou partir e fê-lo atuar muitas vezes ao lado de Falcao - marcou 20 golos em 44 jogos.

Esta época, Diego Costa é mais influente do que nunca, intrometendo-se na luta entre Messi e Cristiano Ronaldo pelo título de melhor marcador da Liga Espanhola. Um perigo à solta que o FC Porto não terá de enfrentar neste arranque de época, mas com o qual precisa seguramente de se preocupar mais tarde.