A Itália navegou em águas agitadas nos últimos dias antes do Euro. A semana que antecedeu o início do torneio foi marcada por polémicas sucessivas. Porque Gattuso quer jogar, porque Trapattoni compara Totti a Picasso, porque Del Piero diz que não tem nada a menos que o 10 da Roma. Porque a imprensa amplia tudo isto e os jogadores não gostaram e vieram exigir respeito, deixando no ar o fantasma do «black out».
A Itália é uma das principais favoritas à vitória no Europeu, eterna candidata, a pressão é grande, já se sabe. A pressão dos nomes, dos clubes e do mercado, de que são exemplo a discussão sobre se os «azzurri» devem ou não jogar à Milan, ou sobre o protagonismo das principais estrelas. À medida que se aproxima a estreia no Campeonato da Europa a tensão aumenta, num país de sangue latino as emoções estão sempre mais à flor da pele, daí ao conflito o passo é curto.
E o que é que vai resultar daqui? Nada de mais, provavelmente. E daí, talvez isto fosse mesmo o que os «azzurri» precisavam para ter uma motivaçãozinha adicional. Quando Cannavaro foi à sala de imprensa, na quinta-feira, deixar no ar a ameaça da equipa, os meios de comunicação italianos recordaram em uníssono que estava no ar o espectro da repetição do que aconteceu no Mundial 82. O espectro do «silenzio stampa». E o que aconteceu no final das contas em Espanha? A Itália foi campeã do Mundo.