Os clubes grandes de Portugal dominam também no futebol de formação, mas não têm o exclusivo. No plano oposto, em termos de projecção, surgem exemplos recentes como a chamada de Mário Palmeira à selecção nacional sub-19. Feito o retrato da realidade nos maiores clubes, o Maisfutebol apresenta-lhe aqueles que procuram o topo partindo da base da montanha.
Agostinho Oliveira surpreendeu ao convocador um central que joga no Diogo Cão, de Vila Real. Ou melhor, na Associação Desportiva e Cultural Escola Preparatória Diogo Cão. Um clube que apenas tem escalões de formação e colocou, pela segunda vez na sua história, um jogador numa selecção nacional. O primeiro foi Simão Sabrosa.
As semelhanças não se ficam por aqui, pois começaram logo na aldeia natal de ambos: Constantim, onde as respectivas casas nem distam muito uma da outra. Simão despontou mais cedo, Mário Palmeira surge agora, mas diz quem o conhece de há muito que este «já merecia uma chamada desde os juvenis/juniores B».
No 11º ano de escolaridade, que concilia com a II Divisão do campeonato de juniores A, o defesa-central de 18 anos «não falha um treino». «É o capitão porque trabalhou para ter esse estatuto. Ultrapassou as limitações», diz José Maria, coordenador das equipas do Diogo Cão, sabendo que o seu pupilo está no segundo ano de júnior e vai ter de deixar a associação.
Como dedicado prelector, já o indicou «a um grande clube há algum tempo» e garante que Mário «pode jogar na I Liga à vontadinha», pois «é um miúdo forte e sabe para onde quer ir».
Helmut Calvet, um nome português
No Real Massamá, também surgem dúvidas sobre o futuro de Helmut Calvet. «Se o Sporting não exercer a opção fica connosco», garante Luís Neves, vice-presidente do clube. O avançado celebrou este mês o seu 19º aniversário, está emprestado pelos leões há duas épocas e cumpre o último ano de contrato.
Internacional sub-18 por Portugal, Helmut «já joga pelos seniores», onde até já foi titular, mas «é importante mantê-lo nos juniores», pois a equipa do Real está a lutar pelo terceiro lugar da Zona Sul da I Divisão.
A experiência já adquirida deverá ser complementada «com uma época em cheio na II Liga», pois o vice-presidente do Real destaca a «qualidade» e a «cabeça» necessárias a quem ainda está em formação, mas com um destino em vista: «Depois, vai para a I Liga.»
As promessas que se seguem
Vítor Pacheco ainda está no primeiro ano de júnior, mas o médio de 18 , presença habitual nas selecções nacionais desde há três anos, é «dos melhores dos atletas da sua idade», segundo os responsáveis do E. Amadora.
Carlos Castelo, responsável pela formação do clube da Amadora, garante que Vítor Pacheco, com mais de duas dezenas de jogos por Portugal, é um atleta que «já apresenta uma maturidade muito grande».
O médio já passou por V. Setúbal e Benfica, mas foi cedido pelos encarnados. Carlos Castelo não tem dúvidas quanto ao «potencial enorme» de Vítor Pacheco, um jogador «inteligente» cujas boas exibições quer continuar a seguir de perto: «No final da época, vamos tentar ficar com ele.»
Luís Fernandes, vulgo Pizzi, também é um exemplo de crescimento fora dos circuitos habituais. Visto como um avançado de largo potencial, foi recentemente capturado pelo Sp. Braga, numa altura em que já treinava com o plantel principal do Bragança. Aos 18 anos, já marcou um 1 golo em 7 jogos na Liga Intercalar. Pelo meio, chegou à selecção, estreando-se pelos sub-18 com um golo, e já deu o passo em frente para os sub-19.
Entre a realidade dos «grandes» e estes exemplos opostos, surge um cenário imenso de promessas oriundos de clubes com cartel, como o Belenenses, o V. Guimarães, o Boavista ou tantos outros. Ficamos à espera do futuro.