Avelino Ferreira Torres e Futebol Clube do Marco confundem-se com naturalidade. Aliás, o próprio recinto dos marcoenses, agora sem futebol devido à suspensão por dois anos das competições seniores, responde pelo nome do antigo presidente da Câmara Municipal. As opiniões dividem-se, as sucessivas polémicas criaram um foco de contestação à pessoa, mas Ferreira Torres é uma figura do passado do F.C. Marco e, esperam alguns, do futuro.
A 29 de Fevereiro de 2004, Avelino Ferreira Torres perdeu a cabeça num confronto com o Santa Clara, então na II Liga, e desatou aos pontapés a tudo o que lhe surgiu no caminho. No caso, a placa que indica as substituições. As imagens tornaram-se famosas, redundando no início do afastamento entre o político e o clube. Aliás, bem ao seu estilo, Ferreira Torres prometeu que só voltaria a entrar naquele estádio no próximo dia 29 de Feveiro. Ora bem, falando de anos bissextos, chegamos a 2008. Está para breve, portanto.
«Desde 29 de Fevereiro de 2004 que Ferreira Torres nunca mais entrou no estádio. Enquanto ele se manteve na Câmara, o clube recebeu os subsídios. Desde Outubro de 2005, tudo foi cortado. Aliás, quem gere a cidade queria que o clube nem terminasse a última época. Espero que haja alguém de bom-senso que alguém acabe com estas guerrinhas», pede Paulo Antunes.
O regresso esperado para 1 de Março
O antigo secretário-técnico e treinador do F.C. Marco é um dos que acredita no regresso salvador de Ferreira Torres: «Posso estar enganado, mas por aquilo que conheço de Ferreira Torres, ele no dia 1 de Março irá regressar, de alguma forma, ao clube. Enquanto ele esteve na Câmara, o clube sempre andou. Uma das grandes manchas para esta Câmara será se o clube fechar mesmo. Quando as vinganças pessoais e políticas se sobrepõem às questões importantes, num clube de futebol, tudo está perdido.»
Entre os antigos jogadores, ninguém questiona a importância de Avelino Ferreira Torres, que falhou a candidatura à Câmara Municipal de Amarante. Manuel Moreira conduz os destinos da autarquia do Marco de Canaveses. «Ambos atravessam situações difíceis, quer a Câmara, quer o clube. Qualquer clube deste género, sem o apoio da Câmara, nunca consegue sobreviver. É triste, o Marco tem boas estruturas, boas condições de trabalho, penso que a cidade se devia unir mais em torno do clube», diz Bruno Ferraz, que representou o F.C. Marco entre 2004 e 2007, pouco esperançado em receber os valores em dívida.
A esperança nos jovens e a penhora das cadeiras
Sem futebol profissional, a esperança reside nas camadas jovens. Sem qualquer tipo de apoio, numa altura em que os próprios membros da Comissão Administrativa vão denotando algum cansaço, restam os juniores, juvenis e iniciados para manter o nome do F.C. Marco vivo, com a ajuda dos pais. No Estádio Avelino Ferreira Torres, a relva continua a ser tratada, mas o único desporto praticado é o atletismo. Os sócios do ginásio que se encontra naquele espaço usufruem das instalações, enquanto os jovens do clube jogam no pelado.
Nas conversas de café, fala-se de um regresso em 2009, quando a suspensão da Federação terminar, mas as dívidas continuam por saldar. São dois milhões de euros, e os credores não desistem. Diva Nunes, advogada de Miguel, antigo jogador do F.C. Marco, conseguiu avançar com uma penhora de «duas televisões, equipamento de som, pesos dos equipamentos desportivos do ginásio, os ares condicionados, bem como uma tela, oferta de Belmiro de Azevedo», segundo o jornal A Verdade. Haverá futuro?