Claro que não estamos a falar de Chalana, o verdadeiro «pequeno genial», mas de dois geniais jogadores que se destacaram na jornada desta quarta-feira no campeonato do mundo. Curiosamente, tanto Messi como Shaqiri medem exatamente o mesmo: 1,69m, mais quatro centímetros do que Chalana (e do que Maradona, já agora). O argentino e o suíço brilharam, ajudaram as suas equipas a apurarem-se para os oitavos-de-final e agora vão defrontar-se.

Nos outros jogos do dia, o Equador tentou tudo para ultrapassar a França e correr em direção ao apuramento, mas não conseguiu melhor do que um empate a zero golos, mesmo jogando quase toda a segunda parte com dez elementos, devido à expulsão de Antonio Valência. Já o Irão de Carlos Queiroz saiu deste Mundial com uma derrota, mas conseguiu marcar um golo, o primeiro no seu historial em fases finais.

Messi foi igual a si próprio e massacrou a defesa nigeriana, com dois golos, somando recordes ao seu enorme currículo, apesar da Argentina ter suado para vencer a Nigéria. Já Shaqiri apontou um hat-trick na vitória tranquila da Suíça sobre as Honduras. O médio do Bayern Munique acabou com as dúvidas dobre a qualidade da formação europeia, invertendo a lógica deste campeonato, em que as seleções do Velho Continente têm sido suplantadas por formações das Américas. No Grupo E, aliás, seguem em frente dois europeus (Suíça e França), ficando pelo caminho um representante da América do Sul (o Equador, o único deste continente a não estar nos oitavos-de-final) e um centro-americano (Equador).

A ficha de jogo e a crónica do Honduras-Suíça 



Os franceses entravam no jogo com o Equador tendo a certeza do apuramento, após dois triunfos tranquilos, pelo que Didier Deschamps fez poupanças. Do outro lado estava uma Tricolor motivada e que não ia desistir tão cedo, mesmo sabendo que dependia do que fizesse a Suíça com as Honduras.

Assistiu-se a um jogo cheio de oportunidades junto às duas balizas e isso até promoveu o guarda-redes Dominguez, do Equador, a figura da noite. O Maracanã não gostou do que viu na primeira parte e assobiou as duas equipas, mas tudo mudou no segundo tempo, nomeadamente a partir da expulsão de Antonio Valencia. Os equatorianos até melhoraram e tiveram oportunidade de marcar, mas os franceses não se ficaram e podiam ter ampliado a sua veia goleadora, mas o guardião equatoriano estava imparável.

Tranquila, a França terminou o Grupo E no primeiro lugar e terá de enfrentar a Nigéria nos oitavos-de-final, suspeitando-se que não terá grandes dificuldades em ultrapassar uma formação africana com muitas debilidades. Se olharmos para os quartos-de-final poderemos antever já um fabuloso França-Alemanha, que será jogado no Maracanã a 4 de julho.

A ficha de jogo e a crónica do Equador-França

Com Messi em grande forma e um 4x3x3 ainda sofrível, a Argentina passou com dificuldade sobre a Nigéria (3-2). O avançado voltou a brilhar intensamente, mostrando que está em forma e a nação pode contar com ele. Com mais dois golos, somou recordes e muito cedo, pois marcou logo aos dois minutos e 26 segundos, naquele que foi o seu golo mais rápido. Passou a ser, também, o primeiro argentino a marcar quatro golos seguidos em Mundiais desde Maradona

Do outro lado foi Musa a brilhar, também com dois golos, sendo o primeiro nigeriano a conseguir tal feito num Mundial. Os africanos impunham dificuldades ao adversário, mas o sportinguista Rojo, que jogou a lateral-esquerdo, viria a fazer o terceiro, confirmando uma excelente época.

ficha de jogo e a  crónica do Nigéria-Argentina 



Finalmente, o Irão de Queiroz, que tanto lutou contra a Argentina e viu Messi decidir nos instantes finais, enfrentava a Bósnia com a ilusão do apuramento, mas não conseguiu fazer a sua parte, apesar da derrota nigeriana. Frente a uma estreante Bósnia, os persas tiveram dificuldades em chegar à baliza contrária, ainda atiraram uma bola à barra, mas celebrariam apenas um golo, o primeiro do seu historial em Mundiais.

No final da partida foi a vez do treinador português cumprir o que tinha prometido, despedindo-se da seleção que ajudou a levar ao Brasil. «Mostrei a minha disponibilidade para continuar esse projeto, mas não recebi nenhuma proposta para renovar o contrato nesses últimos 11 meses. Não há casamento quando há só um lado a querer. Esperei muito, mas chegou um momento em que tive que tomar uma decisão», frisou

A ficha de jogo e a crónica do Bósnia-Irão



A figura: Foi uma época difícil para Shaqiri, mas foi sempre na seleção que encontrou o refúgio para demonstrar o seu enorme valor. Afastado das principais escolhas de Guardiola no Bayern Munique, o criativo brilhou com as cores do seu país de adoção (é natural do Kosovo) durante a fase de qualificação. Chegou ao Mundial com grandes expectativas, brilhou na vitória sobre o Equador, mas foi contra as Honduras que deixou a sua marca, apontando três golos ( o segundo hat-trick deste campeonato, depois de Muller a Portugal). 

O «23» viveu um dia perfeito em Manaus e ajudou a sua equipa a garantir o apuramento para os oitavos-de-final, onde vai defrontar a Argentina. «Mostrámos a nossa reação. Foi algo inacreditável, maravilhoso. Estou muito orgulhoso da equipa. Fizemos um grande jogo», disse no final da partida, aproveitando já para lançar o embate com a formação sul-americana: «Esperamos mais uma final pela frente. Estamos muito felizes».

O número: 16 – Desde o Mundial de 1998 que havia sempre uma seleção que não conseguia marcar um golo. Dezasseis anos depois essa tendência parou, com o golo do Irão (Reza) à Bósnia. Em 2002 (França , China e Arábia Saudita não marcaram), 2006 (Trindade e Tobago) e 2010 (Argélia e Honduras) passaram pelo campeonato sem celebrar uma única vez.

A frase: «Messi vem de Júpiter…» A frase é de Stephen Keshi, selecionador da Nigéria, após o jogo com a Argentina, em que o avançado voltou a ser decisivo: «É muito difícil tirar-lhe a bola. A Argentina tem muitos bons jogadores, mas Messi vem de Júpiter. É diferente, é um jogador extraordinário». 

O caso: Aos três minutos da segunda parte do Equador-França, Antonio Valencia entra duro sobre a bola, mas o pé escorrega e o avançado acaba por atingir o francês Lucas Digne. O auxiliar do árbitro nada assinalou e até deu lançamento para os equatorianos, mas Digne contorcia-se em dores e Noumandiez Doue acabou mesmo por mostrar o vermelho ao «capitão» da tricolor. Fica a sensação de que o jogador não teve intenção em magoar o adversário e acabou por ter azar, mas reagiu com dignidade e sem reclamar. Foi, de qualquer forma, um Mundial desastrado para o atleta do Manchester United, que não conseguiu sobressair nos três jogos disputados pela sua seleção.

Chegamos ao dia 15 do Campeonato do Mundo, onde haverá lugar para decisões em mais dois grupos: veja aqui o que está em causa