O presidente da Sociedade Interbancária de Serviços (SIBS), Vítor Bento, afirmou esta quinta-feira que a actual crise financeira vai arrastar-nos para uma recessão «indiscutível».

Mais: para o responsável, «tudo está a ser feito para que seja de curta duração», mas a verdade é que a recessão que agora podemos esperar poderá vir a revelar-se «duradoura».

«Deveremos assistir a uma recessão. Resta saber se será passageira ou de longa duração. Espero que se verifique a primeira, mas não percebo como se evitará o segundo cenário», acrescentou Vítor Bento, à margem de um encontro da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE).

O presidente da SIBS acrescentou ainda que «os Governos e os Bancos Centrais estão a fazer tudo o que é possível para amortecer os efeitos da crise», numa tentativa de evitar que este cenário atinja a economia real.

«O factor confiança é que vai determinar tudo. Devemos procurar uma mensagem de esperança. As coisas estão difíceis e vão continuar ainda mais difíceis», acrescentou Vítor Bento, antes de referir que é essencial que as pessoas se tornem «mais prudentes».

A verdade é que, para o responsável, a culpa da actual crise que se vive é da responsabilidade dos reguladores mas não só. «Os bancos centrais, os gestores, os teóricos, os especuladores e os próprios Governos, que puseram em prática medidas insustentáveis, também são culpados por esta situação», sustentou.

Recurso da banca às garantias do Estado é «razoável»

E quando a questão passa pelo recurso da banca ao aval do Estado, Vítor Bento, é peremptório: «Considero razoável que os bancos recorram às garantias disponibilizadas» pelo Governo a este sector (no valor de 20 mil milhões de euros).

«Quando os mercados lá fora congelam, os bancos ficam numa situação complicada, mas não têm culpa. Estas garantias servem de desbloqueamento e, por isso, parece-me razoável que os bancos a usem», rematou.