O jornal El Confidencial divulgou esta quarta-feira novos áudios das conversas entre Gerard Piqué e o presidente da Federação espanhola, Luís Rubiales. Numa das escutas mais recentes, o defesa do Barcelona pede ao dirigente que dê uma «mãozinha» para que pudesse estar nos Jogos Olímpicos de Tóquio, que decorreram em 2021.

«Tens que fazer isso por mim, eh Rubi, tens que fazer isso por mim, caraças. Fico animado com a ideia dos Jogos Olímpicos», disse o jogador.

Piqué pretendia que Rubiales convencesse o técnico Luis de la Fuente a integrar a convocatória.

«Temos de manter segredo e depois falar com o treinador quando acabar a qualificação em setembro ou assim. Nessa altura vou a Madrid e sentamo-nos com ele. Ia gostar muito. Vamos ver como conseguimos gerir para que não se saiba em lado nenhum. Teremos de manter isto em segredo até ao fim entre os três, não achas?», acrescentou.

Rubiales aceita a sugestão do jogador, mas não faz promessas. "Eu já falei com o treinador e ele sabe disso. Ele é que tem de tomar as decisões e eu, claro, sabes que tenho o prazer de dar uma mãozinha.»

Em conferência de imprensa, o presidente da federação espanhola defendeu-se e assegurou que mais jogadores o contactaram para irem a Tóquio.

«Piqué não foi o único a pedir-me para ir. Falei com o treinador para que soubesse quem me tinha ligado. Mais tarde, o Luis tomou uma decisão muito diferente. Temos uma grande equipa de profissionais que trabalham com as ferramentas que lhes damos a eles. Não é uma questão de fazer campanha. É melhor que nem me liguem, porque quem ligou não foi», vincou.

Na mesma conferência, Rubiales vincou que a gestão do organismo «é clara, transparente e honesta» e negou que Gerard Piqué esteja envolvido num conflito de interesses, isto porque o futebolista negociou, em representação da Kosmos, empresa que detém, a organização da Supertaça na Arábia Saudita.

«Tudo o que foi feito foi comunicado. A Kosmos propôs uma mudança de formato, algo que eu já tinha proposto na campanha eleitoral. Eu disse que estávamos alinhados. Começaram a trabalhar, também se falou dos Estados Unidos, Catar, Índia, China ou países africanos. Quando surge uma possibilidade de negócio, eles [sauditas] são informados de que a relação económica será com a Kosmos. A Federação espanhola não pagou nem pagará um único euro de comissão por esta operação. Não há muito mais a dizer aqui, já foi votado em Assembleia sem qualquer voto contra», rematou.

Piqué, recorde-se, também já se tinha defendido das acusações e negou a existência de um conflito de interesses. «Faço parte da RFEF, jogo há mais de 10 anos com a seleção espanhola. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Sei separar o que é um acordo comercial do que fiz toda a minha vida, que é jogar futebol. Nunca recebi ajuda. Se me disserem que um acordo comercial sensato afetará a competição, não têm ideia de quem eu sou», disse na Twitch.