Tal como prometido, Gerard Piqué respondeu na Twitch a perguntas de vários jornalistas esta segunda-feira, depois de o jornal El Confidencial ter divulgado áudios em que o defesa espanhol negoceia os termos do acordo da realização da Supertaça espanhola na Arábia Saudita, em representação da empresa que detém (Kosmos Global Holding), com o presidente da federação espanhola, Luis Rubiales.

O jogador do Barcelona começou por referir que não tem «nada a esconder». «Ligaram-me do El Confidencial há uma semana e disseram-me que isto iria sair. Eu disse-lhes que não me importava», afirmou.

«Queríamos mudar o formato da competição e torná-la mais interessante para o espectador. Isso tem repercussões na receita. O presidente [Luis Rubiales] gostou muito da ideia», explicou.

Piqué revelou que a Arábia Saudita não era a única opção e que os Estados Unidos da América e Catar também estavam em cima da mesa. O defesa considerou ainda que a comissão de 24 milhões de euros (quatro por cada uma das seis edições) «é relativamente normal no mundo em que vivemos».

«A comissão oscila entre 10 e 15% e acreditávamos que estava de acordo com o que os órgãos cobram para fazer esse tipo de gestão. A comissão está de acordo com o mercado», vincou.

«Estamos a falar de uma coisa legal. Podemos debater a moralidade do ato, mas a única coisa ilegal aqui é a divulgação dos áudios. Em 2019, já era conhecida a existência da comissão para a Kosmos», acrescentou.

O jogador explicou que o Barcelona estava a par de tudo e também de que forma a empresa que detém recebe o pagamento.

«Oficialmente, cobramos a comissão diretamente do governo da Arábia Saudita. Em nenhum caso cobramos nada da RFEF [Federação espanhola]. Não tenho nenhum acordo comercial com a RFEF», assinalou.

Piqué destacou que o áudio tornado público está «fora de contexto». «Estou apenas a ajudar o presidente a ter uma fórmula que faça sentido. Estou a tentar ajudá-lo. Não tem nada a ver com questões comerciais com desportos. Só trouxe uma oferta para a RFEF. Antes de mudar o formato, geravam-se 120 mil euros e agora são 40 milhões.»

«Faço parte da RFEF, jogo há mais de 10 anos com a seleção espanhola. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Sei separar o que é um acordo comercial do que fiz toda a minha vida, que é jogar futebol. Nunca recebi ajuda. Se me disserem que um acordo comercial sensato afetará a competição, não têm ideia de quem eu sou», disse ainda.

«Quero enfatizar que é uma empresa, não sou eu pessoalmente», acrescentou.

«Reconheço que não é comum um jogador envolver-se neste tipo de negócio porque um jogador não faz essas coisas até se reformar, mas eu gosto. Tenho que me desculpar? Não vou fazer isso, que cada um pense o que quiser», atirou.

O jogador de 35 anos diz que poderia «passar a vida inteira esticado num sofá sem fazer nada», mas salientou a paixão pelos negócios. «Na sociedade em que vivemos, gerar dinheiro significa sucesso e eu gosto disso», rematou.

Quanto às quatro linhas, Piqué diz que há 99% de hipóteses de não acompanhar a seleção espanhola no Mundial do Catar.