Entre esses accionistas, poderão estar os nomes de Ilídio Pinho, Dias da Cunha e Luís Champalimaud. Um deles, contactado pelo «Diário Económico», justificou assim o seu chumbo: «Jardim Gonçalves já mandou no banco durante 20 anos».

É, assim, de prever que na próxima segunda-feira, perante uma proposta de pelo menos um accionista, o presidente da mesa da AG do BCP decida submeter a questão do anonimato a uma votação de braço no ar.

Se esta for votada favoravelmente pela maioria dos accionistas presentes e se ficar assegurado o anonimato, a hipótese de a proposta do fundador do banco ser aprovada é ainda menor.

Dos muitos pontos que os accionistas do BCP vão ser chamados a votar, na AG de 28 de Maio, dois são particularmente polémicos: o aumento do número de votos presentes necessários para a aprovação de certas decisões, de dois terços para 75% e, sobretudo, o facto de a nomeação do conselho de administração executivo passar a ser da responsabilidade exclusiva do conselho geral e de supervisão, um órgão liderado por Jorge Jardim Gonçalves.

A maioria dos accionistas não vê com bons olhos abdicar desse poder. E se é verdade que Joe Berardo e João Rendeiro não hesitaram em dar a cara e que os investidores institucionais também não terão grandes problemas em mostrar a sua oposição, o mesmo não se passa com outros accionistas do banco que só se sentem confortáveis para votar contra sob anonimato.

Jardim Gonçalves necessita da aprovação de dois terços dos accionistas presentes para ver as suas propostas aprovadas. Uma fasquia que poderá ser ainda mais difícil de superar se, perante uma situação de anonimato, deixar de contar com alguns dos seus aliados.