O accionista do BCP, Goes Ferreira, rejeita as acusações de que a instituição financeira lhe tenha perdoado 15 milhões de euros em Novembro de 2005.

No Parlamento, onde está a ser ouvido esta sexta-feira no âmbito da Comissão de Inquérito Parlamentar, o empresário explicou que tudo não passou de uma «natural operação bancária» em que os spreads cobrados pelo banco por empréstimos feitos às sociedades de que era titular, e usados pelas mesmas para comprar acções do banco, foram «renegociados». E negou favorecimentos por parte do BCP.

«As empresas têm uma relação bancária com a instituição e, há algum tempo que vinha questionando o banco sobre o spread que vinha a ser aplicado, por considerar que era muito elevado», disse Goes Ferreira.

«Isto é algo que acontece todos os dias, em todos os bancos, em todo o mundo: o banco a querer cobrar o máximo possível e os clientes a quererem pagar o menos que possível», acrescentou.

Esta foi uma resposta ao porta-voz do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, que acusou o BCP de criar «um perdão encapotado». É que, segundo Francisco Louçã, que citava um memorando interno do BCP, esta «renegociação de spreads» permitia reduzir a dívida das empresas de Goes Ferreira perante o banco em cerca de 15 milhões de euros. Um montante que se destinava a compensar o diferencial entre o capital aplicado por Goes Ferreira na compra de acções do BCP e os dividendos resultantes das acções adquiridas com o dinheiro dos referidos empréstimos.

Goes Ferreira explicou ainda que os empréstimos concedidos pelo BCP às referidas sociedades não eram destinados especificamente à compra de acções do banco, e sim para serem geridos de acordo com os interesses económicos das sociedades.

Estas foram as únicas questões a que Goes Ferreira respondeu, alegando, para evitar responder a todas as outras, sigilo bancário e segredo profissional, a que está obrigado por ser membro do Conselho Superior do BCP.