Um jogo triste e sem emoção cavou a anunciada campa do Beira Mar. A cidade de Aveiro deixa ter uma formação no convívio com os maiores do futebol nacional, e deixa-o sem honra nem glória. Agora é certo. Não há nada a fazer, nem para o mais optimista dos adeptos aveirenses. A garantia é matemática. Na despedida, perante uma Académica irreconhecível, o Beira Mar foi incapaz de ultrapassar os seus receios.
Porque foi disso que se tratou esta tarde. Mais do que um adversário, o Beira Mar sucumbiu perante as suas próprias fraquezas. Que acabaram por ser mais mentais do que propriamente físicas. A formação de Augusto Inácio até foi melhor, bastante melhor do que o adversário, mas não encontrou forças para ultrapassar a barreira psicológica. Caminhou descrente, incapaz de aproveitar um outro rasgo de Rui Lima ou Ahamada.
Soltou-se a festa no terreno do rival
Tacticamente a equipa até esteve bem. A estratégia montada por Augusto Inácio foi boa, os jogadores cumpriram-na com esforço e acabaram por esse lado por ter uma supremacia óbvia e que se notava no domínio territorial. A táctica partia de um 4x2x3x1 para um 3x2x3x2 que sublinhava sempre o adiantamento de apenas um lateral, enquanto o outro ficava recuado a ajudar na cobertura aos dois avançados adversários, ao mesmo tempo que Kingsley subia para acompanhar Tanque Silva na linha da frente. A ocupação dos espaços tornava-se exemplar, feito que permita à equipa ganhar as segundas bolas e empurrar a Académica para o seu meio campo. Faltou depois algum talento para materializar este domínio em vantagem. Os jogadores estão desmotivados, claro, pelo que falta inspiração onde sobra transpiração.
Uma bola na trave, na sequência de um canto, um cabeceamento desastrado de Tanque Silva e um remate de Rui Lima a beijar a trave foi o melhor que a equipa fez em todo o jogo. Muito pouco para tanto caudal ofensivo. Já a Académica, que com este empate tem alcançada a garantia matemática da permanência, passou toda a primeira parte encolhida lá atrás, só conseguindo mesmo soltar-se um pouco mais na etapa complementar. No que deve ter havido dedo de Nelo Vingada. Sem mexer na estrutura da equipa, o treinador conseguiu que os seus jogadores fossem mais audazes, pelo que a equipa dividiu muito mais o jogo na segunda parte. Ao ponto mesmo de ficar a dever si própria não sair de Aveiro com um triunfo. Na fase final do jogo, quando o Beira Mar deixou cair em definitivo os braços, surgiram duas ou três ocasiões de golo para a Académica, uma delas desperdiçada com muita displicência por Dionattan.
Nada que impedisse a festa soltada após o apito final. A Briosa continua sem perder, soma agora doze jogos, e mantém-se na Superliga.