O encontro particular entre Beira-Mar e Marítimo, no Estádio Cidade de Aveiro, que serviu de apresentação da formação aveirense aos seus adeptos, teve raros motivos de interesse, permitindo apenas conhecer melhor os conceitos de jogo e as caras novas das duas equipas para a temporada que se avizinha. Ainda assim, e apesar do domínio caseiro, o ponto alto do jogo pertenceu a um jogador da formação insular, Gregory. O defesa francês, oriundo do Gil Vicente, cotou-se a bom nível na marcação a Jardel e marcou o único golo da partida, perto do final, na sequência de um canto apontado por Marcinho.
Augusto Inácio, apesar de contar com treze reforços no plantel, montou um onze em torno daquele que conquistou o título da Liga de Honra na época transacta. Todor na baliza, entre as três novidades apresentadas aos sócios, a par de Luciano Ratinho, um jogador veloz e tecnicamente dotado que jogou nas costas dos avançados, e o velho conhecido Jardel. A estrutura está montada, com Jorge Silva a comandar um sector defensivo coeso, onde Tininho oferece velocidade à esquerda, contando com o apoio de dois tampões no meio-campo, o possante Diakaté e o incansável Torrão. Rui Lima e Jorge Leitão (regressado a Portugal após vários anos no futebol inglês) desenvolvem jogo pelos flancos, sempre com Jardel no horizonte.
O conhecimento mútuo, a prévia assimilação dos processos de jogo, permitiu ao Beira-Mar assumir natural superioridade frente a um adversário que se encontra em fase de estudo, com Ulisses Morais a trabalhar um projecto inacabado. Surgiram oito reforços no onze do Marítimo, para esta partida em Aveiro, com destaque para a remodelação no sector defensivo, bem servido com o lateral Zé Gomes (ex-Rio Ave) e os centrais Gregory (ex-Gil Vicente) e Milton do Ó (ex-Fluminense). Um pouco à frente, André Barreto (ex-E. Amadora) e Neca (ex-V. Guimarães) confirmam credenciais, enquanto os dois avançados sul-americanos procuram o seu espaço: Priest (ex-Nourese) e Lipatín (ex-Grémio).
Ritmo de jogo reduzido perante um palco despido de público, numa tarde solarenga e desviar as pessoas para as praias vizinhas. Com o decorrer do encontro, juntaram-se algumas centenas de espectadores aos que tinham aplaudido, antes do apito inicial, o desfile dos jogadores do Beira-Mar até ao centro do relvado. Com a bola a rolar, quase todos os olhos viravam na direcção de Mário Jardel, com o brasileiro a deparar-se com uma dupla de opositores de peso. Ainda assim, combatendo os adversários e a meia dúzia de quilos que continua a limitar movimentos, o brasileiro confirmou que quem sabe não esquece.
Jardel teve alguns pormenores de categoria, sobretudo como «pivot» atacante da formação aveirense, procurando servir Jorge Leitão. Não deixou de procurar a baliza, na cobrança de livres directos e numa cabeçada ao seu melhor estilo, na etapa complementar , que encontrou pelo caminho o guarda-redes Fábio. Ficou pouco mais que uma ligeira amostra do Super Mário. De resto, poucos lances de perigo ao longo de noventa minutos em que as duas equipas encaixaram tacticamente (um sistema 4x2x3x1 de ambos os lados).
Jogo no Estádio Municipal de Aveiro
Cerca de 1.500 espectadores
Beira-Mar: Todor; Ribeiro (Jorge Vidigal, 75m), Alcaraz, Jorge Silva e Tininho; Torrão (Emerson, 75m) e Diakité; Rui Lima, Luciano Ratinho (Camora, 82m) e Jorge Leitão (Vasco Matos, 72m); Mário Jardel.
Suplentes não utilizados: Alê, Farah, Ricardo, Wegno e Marco.
Treinador: Augusto Inácio
Marítimo: Fábio; Zé Gomes, Milton do Ó, Gregory e Evaldo (Luís Olim, 46m); Wénio e André Barreto (Olberdam, 46m); Filipe Oliveira (Marcinho, 69m), Neca (Fernando, 74m) e Martin Prest (Mbesuma, 74m); Marcelo Lípatin (Kanu, 60m)
Suplentes: Cristopher, Alex von Schwedler, Fahel, Mourkouri, Briguel e Jardel.
Treinador: Ulisses Morais
Golos: Gregory (85m)
Árbitro: António Resende (Aveiro). Cartões amarelos: Tininho (53m), Zé Gomes (53m)